A XP já projeta a Selic a 9,5% em 2022, caso o Congresso Nacional aprove a PEC dos Precatórios e a reforma do Imposto de Renda e dos dividendos. Para analistas da corretora, a política fiscal mais expansionista terá reflexos na inflação e na política monetária, provocando uma deterioração da percepção de risco-país e uma taxa de câmbio ainda mais depreciada.

“Apesar da melhora recente na perspectiva fiscal, o Brasil continua com uma dívida bastante alta e uma estrutura de gastos engessada. É um equilíbrio tênue. O que poderia desequilibrar é justamente a fragilidade fiscal somada ao fato de que já estamos chegando, em termos de consumo, a um nível próximo do potencial”, disse o economista-chefe da XP, Caio Megale ao Valor.

Segundo o jornal, a pressão sobre a política monetária se mostra ainda mais forte.

“A PEC dos precatórios e a reforma do imposto de renda, em discussão no Congresso, podem tornar a política fiscal mais expansionista – e menos sustentável – do que o contemplado em nosso cenário base.”

O ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida, hoje economista-chefe do BTG, nota que o debate sobre como conciliar uma nova regra de pagamento dos precatórios com o teto de gastos se misturou com as discussões sobre o espaço para um reajuste do Bolsa Família.

“Assim, um debate legítimo passou a ser cada vez mais percebido como uma tentativa de simplesmente aumentar o espaço fiscal para maiores gastos públicos em um ano eleitoral, o que aumentou o risco fiscal e a volatilidade no preço dos ativos domésticos.”