“Os militares querem entrar no jogo político sem pagar o custo político”
O cientista político Leonardo Barreto disse a O Antagonista que, no momento em que o alto escalão das Forças Armadas resolveu assumir cargo de natureza política no governo Bolsonaro, os militares "se lançaram no jogo político" e "precisam assimilar isso". "Eles devem saber que isso é do jogo. O problema é os militares não terem ou fingirem não ter a compreensão do jogo que estão jogando...
O cientista político Leonardo Barreto disse a O Antagonista que, no momento em que o alto escalão das Forças Armadas resolveu assumir cargo de natureza política no governo Bolsonaro, os militares “se lançaram no jogo político” e “precisam assimilar isso”.
“Eles devem saber que isso é do jogo. O problema é os militares não terem ou fingirem não ter a compreensão do jogo que estão jogando”, afirmou Barreto, referindo-se a investigações pela CPI da Covid que podem esbarrar em integrantes das Forças Armadas.
“As críticas que se faz ao Eduardo Pazuello ou ao Elcio Franco, que estão enfrentando suspeitas na CPI, seriam as mesmas que alguém de um partido político enfrentaria. O que os militares não podem é achar que vão entrar nesse jogo, que vão ocupar esses cargos de liderança e vão ser poupados do debate político. Isso não tem a menor chance.”
Doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília, Barreto acrescentou:
“O que acontece na CPI é um movimento natural que acontece em democracias, todos os governos no Brasil passam por isso. É um processo legítimo de controle, mas também de crítica política da oposição.”
Barreto afirmou também que a reação das Forças Armadas está sendo “exagerada e até descabida”.
“Passa a impressão de que os militares querem entrar no jogo político sem pagar o custo político.”
Sobre Jair Bolsonaro, Barreto disse se tratar de “um animal político” que quer, de novo, se aproveitar do momento.
“A oposição está fazendo o papel dela de criticar e levantar suspeitas sobre os militares. E o Bolsonaro vai usar isso para a sua defesa, como tem usado desde a eleição dele. Bolsonaro tem trazido o Exército para o lado dele pelo pescoço. Depois, o pessoal [do Exército] foi mais à vontade, mas no início foi pelo pescoço.”
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