Senadores não perguntam o que Pontes fez com Annita
Os integrantes da Comissão Temporária Covid-19 no Senado não perguntaram ao ministro Marcos Pontes o que o governo fez com a nitazoxanida, vermífugo vendido com o nome Annita - apesar de o remédio ter sido citado hoje pelo próprio...
Os integrantes da Comissão Temporária Covid-19 no Senado não perguntaram ao ministro Marcos Pontes o que o governo fez com a nitazoxanida, vermífugo vendido com o nome Annita – apesar de o remédio ter sido citado hoje pelo próprio.
“Ensaios clínicos com drogas de reposicionamento – e aqui eu ressalto o ensaio clínico com nitazoxanida: o ensaio clínico mostrou que, quando tratado o paciente nos três primeiros dias de sintomas, reduz a carga viral; isso foi publicado numa revista de altíssimo impacto, European Respiratory Journal –, entre outros ensaios clínicos com heparina, antivirais vários, atazanavir, daclatasvir associado ou não a sofosbuvir. A globulina hiperimune equina. Enfim, uma série de ensaios clínicos”, disse o ministro aos senadores, nesta segunda-feira (24).
Em outubro de 2020, Pontes disse em cerimônia no Palácio do Planalto que a nitazoxanida poderia “ajudar a reduzir o problema” da pandemia.
Para ilustrar os resultados da suposta eficácia, o governo federal usou uma imagem de arquivo, uma animação genérica de um gráfico que mostra barras diminuindo ao longo do tempo, sem números que as sustentassem.
Procurado por O Antagonista no mês passado, o Ministério da Saúde não nos respondeu se e quando foi comunicado pelo da Ciência e Tecnologia sobre os resultados do estudo, ou o que informou a respeito para as redes de saúde nos estados e municípios.
Resultados do estudo clínico coordenado e financiado pelo ministério de Marcos Pontes foram publicados em dezembro de 2020, dois meses depois do evento no Planalto, na revista científica European Respiratory Journal. A publicação foi notícia no site oficial da pasta.
O estudo analisou 392 pacientes, sendo que 198 receberam nitazoxanida e os outros 194 placebo (substância sem efeito).
Segundo o próprio estudo, “em pacientes com Covid-19 moderada, a resolução dos sintomas não teve diferenças entre o grupo da nitazoxanida e o grupo placebo depois de 5 dias de terapia”.
Em janeiro deste ano, em ofício à Câmara, o governo informou que “[a] Nitazoxanida não consta nas orientações deste Ministério da Saúde para o tratamento da Covid-19″.
Nenhum senador questionou Pontes hoje sobre nada disso.
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