Embora finjam surpresa, o Bolsolão foi devidamente anunciado (até por bolsonaristas)
A Crusoé rastreou o dinheiro do Bolsolão, usado por Jair Bolsonaro para comprar apoio no Congresso Nacional. A reportagem escancara os métodos do bolsonarismo, detalhando os repasses a seus intermediários e agentes. Na última terça-feira, o líder do governo Bolsonaro no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB), admitiu, em entrevista ao Papo Antagonista, que...
A Crusoé rastreou o dinheiro do Bolsolão, usado por Jair Bolsonaro para comprar apoio no Congresso Nacional. A reportagem escancara os métodos do bolsonarismo, detalhando os repasses a seus intermediários e agentes.
Na última terça-feira, o líder do governo Bolsonaro no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB), admitiu, em entrevista ao Papo Antagonista, que “é preciso aumentar os critérios de fiscalização e controle” em relação aos bilhões de reais de recursos públicos que estão jorrando por meio das chamadas emendas de relator — por favor, reveja aqui.
Mais uma vez, autoridades vão atrás (ou não) de um prejuízo já consumado, como se fôssemos todos tolos. O Antagonista mostra, desde o início de 2020, como essa história de colocar o Congresso para controlar boa parte do orçamento poderia não dar certo. Até aliados do governo fizeram alertas na época.
Em 3 de março de 2020, a deputada federal bolsonarista Alê Silva (PSL), por exemplo, disse a este site:
“Por mim, não fica nem um bilhão para o relator. Esse dinheiro vai ser usado apenas para atender aos interesses de seus aliados aqui dentro, sem critérios técnicos, apenas políticos.”
Naquele mesmo dia, o senador bolsonarista Luis Carlos Heinze (PP) afirmou a O Antagonista:
“Nosso papel é criar e fiscalizar leis. A administração do erário cabe ao Poder Executivo. O Congresso deve definir o orçamento em linhas gerais. O executor deve ser o governo que está respaldado pelo voto da maioria dos brasileiros nas últimas eleições.”
A turma do então grupo “Muda, Senado” e parlamentares da oposição também tentaram fazer barulho sobre o assunto.
Em 10 de março de 2020, a senadora Eliziane Gama (Cidadania) alertou:
“O relator-geral do orçamento, isoladamente, não pode decidir sozinho o destino de altos volumes de recursos públicos, principalmente no cenário atual de crise econômica.”
Cinco dias antes, Alessandro Vieira (Cidadania) defendia, também em conversa com este site, que era preciso “resgatar a capacidade de gestão do governo federal sobre os bilhões de reais que permaneceram com o relator” e falava em discussão para “a regulamentação transparente e eficiente, via lei complementar, do orçamento impositivo”.
O Bolsolão foi, portanto, devidamente anunciado.
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