Quem é Renan Calheiros?
Renan Calheiros é o atual relator da CPI da Covid no Senado, que tem o objetivo de investigar a conduta do governo federal durante a pandemia. Sua postura contrária a Jair Bolsonaro causou resistência entre os governistas, que defendiam que ele não assumisse o posto...
Renan Calheiros é o atual relator da CPI da Covid no Senado, que tem o objetivo de investigar a conduta do governo federal durante a pandemia. Sua postura contrária a Jair Bolsonaro causou resistência entre os governistas, que defendiam que ele não assumisse o posto. Na semana passada, foi chamado de vagabundo por Flávio Bolsonaro.
Renan é senador pelo estado de Alagoas desde 1995 e já presidiu a Casa três vezes. Também já atuou como deputado estadual, deputado federal e ministro da Justiça.
Ele já escapou de vários processos e tem um vasto histórico de envolvimento em escândalos de corrupção, que envolvem a compra de rádios em nome de laranjas, tráfico de influência, peculato, uso de empresas fantasmas, corrupção passiva e até esquema de espionagem.
Renan é réu no STF.
Carreira política
Atuação como deputado
Renan Calheiros iniciou sua carreira política em 1979, quando foi eleito deputado estadual do estado de Alagoas pelo MDB.
Quando o bipartidarismo do regime militar chegou ao fim naquele ano, Renan se filiou ao principal sucessor da legenda, o PMDB.
Em 1982, Renan foi eleito deputado federal por Alagoas. Ele logo participou de comissões importantes da Câmara dos Deputados, como a CCJ.
Dois anos mais tarde, o então deputado assumiu a vice-liderança do partido na Casa.
Em 1985, Renan votou em Tancredo Neves para a presidência nas eleições indiretas durante o processo de redemocratização. Com a morte de Tancredo, José Sarney, de quem Renan era aliado, assumiu.
Ainda em 1985, Renan foi eleito para a presidência do PMDB de Alagoas.
Em 1986, foi reeleito deputado federal, assumindo a presidência da CCJ dois anos mais tarde.
Candidatura ao governo de Alagoas
Em 1989, Renan Calheiros passou a assessorar Fernando Collor na disputa à presidência. Renan deixou o PMDB e se filiou ao PRN.
Em 1990, como líder do governo na Câmara, Renan foi o responsável por defender o pacote de medidas econômicas que confiscou o dinheiro dos cidadãos e deixou o país em choque. Foi uma maneira bastante peculiar de combater a hiperinflação: tirar praticamente todo o dinheiro de circulação.
Naquele ano, o então deputado foi derrotado na disputa pelo governo de Alagoas, enfrentando Geraldo Bulhões. Renan acusou o adversário de fraude eleitoral. O episódio fez com que rompesse com Collor, alegando que ele o havia traído, por não ter apoiado a candidatura.
Renan deixou a Câmara dos Deputados e o PRN em 1991.
Impeachment de Collor
Desde o rompimento, Renan Calheiros passou a fazer críticas a Fernando Collor. Ele prestou depoimento confirmando as acusações contra o presidente, como chefe do esquema de PC Farias, ao denunciar a existência de um “alto comando” na corrupção operada pelo ex-tesoureiro da campanha do então presidente. Em setembro de 1992, foi aprovada a abertura do processo de impeachment contra Collor.
Atuação como Senador
Depois de passar um ano como vice-presidente executivo da Petrobras, Renan Calheiros voltou às urnas em 1994, quando concorreu ao Senado pelo MDB e foi eleito com 235 mil votos. Logo no início do mandato, participou de comissões importantes como a de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e a CPI dos Bancos.
Na época, José Sarney era o presidente da Casa.
Em 1998, depois de atuar na CCJ do Senado, Renan foi nomeado para o Ministério da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso, por indicação de Jader Barbalho.
Em 2002, Renan Calheiros e o MDB apoiaram Lula na disputa pela presidência.
Renan foi reeleito senador.
Em 2005, ele sucedeu seu aliado José Sarney e foi eleito presidente do Senado pela primeira vez.
Em 2010, Renan foi eleito para o terceiro mandato como senador. Em 2013, voltou à presidência do Senado, cargo que ocupou até 2016.
Naquele ano, votou a favor e conduziu o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Renan votou contra a PEC do Teto, contra a Reforma Trabalhista e a favor da manutenção de Aécio Neves no cargo, durante o processo em que ele era acusado de corrupção e obstrução da justiça.
Afastamento
Diante do impeachment de Dilma Rousseff, o ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou, em dezembro de 2016, o afastamento de Renan da presidência do Senado, alegando que ele não poderia estar na linha sucessória da presidência por ser réu.
A decisão foi derrubada pelo plenário da Corte dois dias depois.
Escândalos
Renangate
Em 2007, eclodiu o escândalo que ficou conhecido como Renangate. Veio à tona a notícia de que a empresa Mendes Júnior pagou despesas da ex-amante de Renan Mônica Velloso, com quem o senador teve uma filha.
A empreiteira repassava 12 mil reais por mês a Mônica.
Renan viria a ser denunciado pelo caso.
Na época, ele era presidente do Senado e acabou se afastando do comando da Casa.
A partir de então, a imprensa passou a divulgar uma série de suspeitas de corrupção envolvendo Renan, como a compra de rádios em Alagoas em nome de laranjas, tráfico de influência junto à Schincariol, o uso de empresas fantasmas e até um esquema de espionagem a opositores de Lula.
Réu por peculato
Em dezembro de 2016, Renan Calheiros se tornou réu por peculato no STF. Oito ministros votaram pela aceitação da denúncia contra o senador.
Ele é acusado de receber propina de um lobista da empreiteira Mendes Júnior para apresentar emendas parlamentares que favorecessem a empresa. O dinheiro teria sido usado para pagar despesas de Mônica Veloso, ex-amante de Renan.
A Segunda Turma do STF absolveu Renan em setembro de 2018.
Lava Jato
Delatores da operação Lava Jato, como Paulo Roberto Costa, Shinko Nakandakari e Alberto Youssef apontaram que Renan Calheiros era um dos beneficiários do Petrolão.
Em dezembro de 2015, o ministro do STF Teori Zavascki autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Renan Calheiros, suspeito de envolvimento em fraudes na contratação do consórcio Estaleiro Rio Tietê pela Transpetro, em 2010.
Em 2016, Renan foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em delação. Segundo o depoimento, em 2012, o senador o chamou em seu gabinete no Senado para reclamar da “falta de propina”.
Em 2016, Renan foi denunciado pela Lava Jato pela primeira vez. O MP afirmou que, em 2010, a Serveng repassou R$ 800 mil ao diretório do PMDB, em troca de contratos com a Petrobras. Em 2017, a Segunda Turma do STF rejeitou as acusações.
No mesmo ano, a PGR apresentou uma nova denúncia contra Renan Calheiros, baseada na delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Nos depoimentos, Machado disse que Calheiros e outros políticos do partido teriam recebido valores de empresas que tinham contratos da estatal para repassar a diretórios do MDB.
Em 2019, a Segunda Turma do STF aceitou a denúncia, tornando Renan réu.
Renan é alvo de nove inquéritos no STF, quase todos decorrentes da Operação Lava Jato.
Ele é o senador com maior número de investigações.
Pedido de prisão
A PGR pediu, em julho de 2016, a prisão de Renan Calheiros, do senador Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney. Eles teriam tentado mudar o entendimento do STF sobre a prisão após condenação em segunda instância.
Histórico:
1955 – Nasce Renan Calheiros, em Murici, Alagoas.
1978 – Renan é eleito deputado estadual pelo MDB.
1982 – O alagoano conclui o curso de direito na Universidade Federal de Alagoas.
Renan é eleito deputado federal.
1984 – O deputado se torna vice-líder do PMDB na Câmara.
1985 – O Colégio Eleitoral elege Tancredo Neves presidente da República. Sua morte leva ao poder o vice José Sarney, aliado de Renan Calheiros.
Renan é eleito presidente regional do PMDB.
1986 – O deputado é reeleito deputado federal.
1987 – Renan é eleito vice-presidente do PMDB de Alagoas.
1988 – Com a promulgação da nova constituição, Renan assume a CCJ da Câmara.
1989 – Em meio às primeiras eleições diretas à presidência da República, Renan assume a assessoria do candidato Fernando Collor, do PRN.
Renan Calheiros assume a liderança do PRN na Câmara.
1990 – O parlamentar se torna líder do governo no Congresso.
Renan concorre ao governo de Alagoas e é derrotado por Geraldo Bulhões. O deputado abandona o PRN, acusando o adversário de fraude eleitoral e dizendo que Collor o traiu ao não se manifestar sobre o caso.
1991 – O alagoano deixa a Câmara ao fim da legislatura.
1992 – Renan Calheiros atua em favor do impeachment de Fernando Collor.
1993 – O então ex-parlamentar atua como vice-presidente executivo da Petrobras.
1994 – Renan volta à política, sendo eleito para seu primeiro mandato como senador.
1998 – Durante o governo FHC, Renan assume o Ministério da Justiça, por indicação de Jader Barbalho.
2002 – MDB e Renan apoiam Lula na disputa presidencial.
Renan é eleito para seu segundo mandato no Senado.
Jader Barbalho é eleito presidente da Casa.
2005 – Renan é eleito presidente do Senado.
2007 – O senador renuncia à presidência da Casa diante do escândalo do Renangate.
2010 – O alagoano é reeleito senador mais uma vez.
2013 – Renan volta à presidência do Senado.
2015 – O senador é reeleito presidente da Casa.
2016 – Renan se torna réu no STF por peculato.
O parlamentar vota a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Em meio ao impeachment de Dilma, o ministro do STF Marco Aurélio afasta Renan do comando do Senado, alegando que réus não podem estar na sucessão da presidência da República. O plenário da Corte reverteu a decisão.
2018 – Renan é reeleito senador.
2019 – O emedebista concorre à presidência do Senado, mas desiste na última hora.
Renan Calheiros vira réu no STF por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.
2021 – Renan é eleito relator da CPI da Covid.
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