“Não inibe, mas traz preocupação grande”, diz presidente da Ajufe, sobre suspeição de Moro
O presidente da Associação Nacional dos Juízes Federais, Eduardo André Brandão, disse a O Antagonista que o julgamento de ontem do STF, no qual a maioria confirmou a suspeição de Sergio Moro, não vai inibir a atuação dos magistrados, mas traz preocupação...
O presidente da Associação Nacional dos Juízes Federais, Eduardo André Brandão, disse a O Antagonista que o julgamento de ontem do STF, no qual a maioria confirmou a suspeição de Sergio Moro, não vai inibir a atuação dos magistrados, mas traz preocupação.
O grande incômodo é com o uso indireto e o peso dado por parte dos ministros às mensagens roubadas da Lava Jato, bem como os ataques pesados contra a operação.
“Não inibe não, mas traz preocupação grande com uso de prova ilícita. Você ser vítima desse tipo de postura, traz uma certa insegurança. Quanto a inibir, os trabalhos, não preocupa. Todo mundo está ciente de sua responsabilidade”, afirmou Brandão.
Ontem, no julgamento, Ricardo Lewandowski, que deu a Lula acesso aos arquivos apreendidos dos hackers, tentou justificar a referência às mensagens quando confrontado por Luís Roberto Barroso, que disse que elas eram produto de crime e de autenticidade duvidosa.
“Pode ser [prova] ilícita, mas enfim, foi amplamente veiculada e não foi adequadamente, ao meu ver, contestada”, disse Lewandowski na sessão.
Para Brandão, esse tipo de postura “acaba empoderando demais uma prática abominável”.
“Já que existe o risco de novas invasões, tem que ter uma resposta a isso. Se você der poder a esse tipo de postura… causa preocupação“, afirmou.
Fora as mensagens, Brandão considera que o julgamento deverá levar a uma rediscussão, dentro do Judiciário, sobre a viabilidade de grandes operações de combate à corrupção, em que um juiz concentra a investigação sobre um amplo número de fatos, como ocorreu com a Lava Jato.
“Não vejo como proibição para esse tipo de investigação. Mas mais um recado para grandes operações se concentrarem num juiz só. Não é uma coisa péssima, mas a gente preocupa quando se passa a impressão como se tudo que foi feito fosse errado, com essa ideia de que houve só violações. Esquecendo dos valores devolvidos e dos acordos realizados”, disse.
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