Gasparzinho, o fantasminha camarada do PT, volta a atacar
Gasparzinho, o fantasminha camarada do PT, volta a atacar. Pouco mais de um mês depois de assinar um artigo no jornal americano The New York Times, no qual afirma que "Moro corrompeu o sistema judicial e é responsável direto pelo caos que o Brasil vive hoje", o franco-mexicano Gaspar Estrada, amigo de longa data do PT, voltou à carga no jornal francês Le Monde, agora em peça de propaganda travestida de reportagem, depois de "meses de investigação". Para tentar emprestar verossimilhança à peça, ele a assina juntamente com um jornalista...
Gasparzinho, o fantasminha camarada do PT, volta a atacar. Pouco mais de um mês depois de assinar um artigo no jornal americano The New York Times, no qual afirma que “Moro corrompeu o sistema judicial e é responsável direto pelo caos que o Brasil vive hoje”, o franco-mexicano Gaspard Estrada, amigo de longa data do PT, voltou à carga no jornal francês Le Monde, agora em peça de propaganda travestida de reportagem, com “meses de investigação”. Para tentar emprestar verossimilhança à peça, ele a assina juntamente com um jornalista.
Na matéria, e o leitor não precisa ter muita imaginação para concluir do que é feita, ele reafirma na cara dura que “a maior investigação anticorrupção do mundo, como a qualificou um alto magistrado, tornou-se o maior escândalo judiciário da história do país”. Cita obviamente as transcrições das mensagens roubadas publicadas no insuspeito site onde o insuspeito Glenn Greenwald dava expediente (parece que saiu batendo a porta, ouvi dizer) e “a muito séria e independente Agência Pública, a agência de jornalismo investigativo fundada em São Paulo por mulheres repórteres”, para afirmar como os procedimentos da Lava Jato foram “manchados por irregularidades e numerosas confusões”.
A “reportagem” quer provar que houve cumplicidade entre os procuradores da operação e o ex-juiz Sergio Moro com o governo dos Estados Unidos. Gasparzinho, o fantasminha camarada, tenta transformar em realidade a ficção petista de que a Lava Jato era um braço armado dos interesses americanos e tinha o intuito de tirar o PT do poder. Toda a conhecida e aberta cooperação entre autoridades dos Estados Unidos e a operaçáo, para combater lavagem de dinheiro, crime que não conhece fronteiras, é transmutada em complô. Tudo teria começado bem antes, quando o Brasil não se mostrou disposto a cooperar com a administração de George W. Bush para ações antiterroristas. Os americanos, então, teriam resolvido criar uma rede de especialistas locais para fazer valer a sua vontade. A evidência é um telegrama diplomático do embaixador Clifford Sobel, no qual ele diz que esses especialistas locais “não poderiam parecer piões” dos Estados Unidos. Parece razoável a preocupação do diplomata, e é razoável, mas para Gasparzinho isso é muito, muito suspeito. Ele lança uma sombra sobre a sabida relação que Sergio Moro mantinha com os americanos já por ocasião da investigação sobre lavagem de dinheiro no caso Banestado. O fato de o então juiz ter sido convidado a viajar aos Estados Unidos, em 2007, para fazer contatos com gente do FBI, do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado, seria indício de que ele foi cooptado.
Os cavilosos americanos, no entanto, não pararam por aí. Eles colocaram uma conselheira jurídica, a procuradora Karine Moreno-Taxman, especialista em lavagem de dinheiro e terrorismo, para “estruturar uma rede alinhada nas suas orientações nos meios judiciários brasileiros”. E Gasparzinho prossegue: “Desde 2008, essa especialista desenvolve um programa chamado ‘Projeto Pontes’ que, sob a cobertura de apoio às necessidades das autoridades judiciárias brasileiras, organiza cursos de formação que permitem apropriar-se dos métodos de trabalho americanos (grupos de trabalho anticorrupção), sua doutrina jurídica (delações premiadas, em particular), bem como seu desejo de compartilhar informações de maneira ‘informal’, fora dos tratados bilaterais de cooperação jurídica”. Parece ótimo, e é ótimo, mas para Gasparzinho é sinal de maquinação americana indevida — e ela daria certo, porque Sergio Moro estreitou ainda mais os laços com os Estados Unidos e Moreno-Taxman até participou, em 2009, de um encontro de agentes da PF em Brasília. No encontro, a conselheira jurídica diz, oh, que “num caso de corrupção, é preciso correr atrás do ‘rei’ de maneira sistemática e constante para fazê-lo cair” e que “a fim de que o poder judiciário possa condenar alguém por corrupção, é necessário que o povo deteste essa pessoa. A sociedade deve sentir que ela realmente abusou de seu cargo e exigir a sua condenação”. Parece óbvio, e é óbvio, não se está falando de inocentes, mas para Gasparzinho foi dada a senha para que Lula, coitado, fosse perseguido injustamente dali a alguns anos. Inclusive com Sergio Moro atraindo de maneira indevida para a sua jurisdição a investigação que deu origem à Lava Jato, o do posto de gasolina usado pelo doleiro Alberto Youssef para lavar dinheiro em Brasília. Segundo o especialista penal Gasparzinho, ela devia ter sido conduzida em São Paulo.
Tudo piora (para o PT e Gasparzinho) quando Barack Obama cria uma “agenda global anticorrupcão”, em 2014, cujo objetivo foi explicitado pela procuradora Leslie Caldwell, em discurso na Universidade Duke: “A luta contra a corrupção estrangeira não é um serviço que fornecemos à comunidade internacional, mas uma medida necessária para proteger nossos próprios interesses em matéria de segurança nacional e a capacidade de nossas empresas serem competitivas em escala mundial”. Parece bom, e é bom, uma vez que empresas americanas e suas subsidiárias e contratadas são duramente punidas por corrupção nos Estados Unidos e, desse modo, ficam em desvantagem competitiva em relação às empresas que corrompem nas diferentes latitudes. Mas Gasparzinho dá outro passo importante no seu conspiracionismo.
Ele escreve que “no terreno sul-americano, as gigantes brasileiras BTB Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa, em plena expansão, entraram na alça de mira das autoridades norte-americanas. Não apenas porque eles ganham mais contratos, mas também porque que elas fazem parte do fortalecimento da influência geopolítica do Brasil na América Latina e na África, financiando, ilegalmente na maior parte dos casos, as campanhas eleitorais de personalidades próximas do PT, conduzidas pelo consultor em comunicação do partido, João Santana. Somente em 2012, o estrategista eleitoral, confortavelmente financiado pela Odebrecht, organiza três campanhas presidenciais na Venezuela, na República Dominicana e em Angola, sem esquecer a da prefeitura de São Paulo. Todas vencidas pelos candidatos de Santana”. Quem diria, Marcelo Odebrecht e outros tubarões da corrupção foram vítimas de Washington, como é que ninguém havia pensado nisso? O fato de Thomas Shannon, embaixador em Brasília de 2010 a 2013, ter dito a jornalistas que “considerava o desenvolvimento da Odebrecht como parte do projeto de poder do PT e da esquerda latino-americana” é sinal, para Gaszparinho, de que estava tudo pronto para que Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato avançassem sobre Lula — que, aliás, seria um desafeto de Barack Obama, àquela altura presidente. Hum.
Fatos corriqueiros de cooperação internacional entre órgãos investigativos, como a visita confidencial a Curitiba, em 2015, de 17 representantes do Departamento de Justiça, do FBI e do Departamento de Segurança Interna americanos, para que recebessem uma explicação detalhada de como andavam processos que, afinal de contas, desembocariam em operações semelhantes à Lava Jato em diversos países, são tratados por Gasparzinho como se fizessem parte do complô contra Lula e o PT. O fato de cidadãos americanos terem aberto ações coletivas nos Estados Unidos contra a Petrobras, pivô de escândalo e cotada na Bolsa de Nova York, não é uma questão para o fantasminha camarada. Ele segue na sua missão de propaganda, inclusive insinuando que Sergio Moro viajou aos Estados Unidos para receber instruções dos americanos, em julho de 2019, depois que as mensagens roubadas vieram a público (não tentaram ouvi-lo, aparentemente): “Ele aproveitou dessa estada para consultar os seus homólogos? As autoridades americanas, perguntadas pela Agência Pública, recusaram-se a confirmar ou não a informação”. Uau. Que tal perguntar ao próprio Sergio Moro?
Gasparzinho também diz que o novo emprego do ex-juiz, no escritório americano Alvarez & Marsal, onde cuida de compliance de empresas, foi recompensa ao “antigo juizinho de Curitiba”, ao estilo americano “revolving doors”, no qual magistrados do Departamento da Justiça passam para o outro lado do balcão, os grandes escritórios de advocacia, para revender informações privilegiadas obtidas durante investigações. Bastante simbólico disso seria que o escritório onde Sergio Moro agora trabalha tem sede em Washington em frente ao prédio do Tesouro americano e está a 200 metros da Casa Branca. Cuidado, portanto, com o endereço onde você trabalha, leitor. Se for perto de alguma repartição, você já é culpado de ter ligações perigosas com o governo e ser movido por interesses escusos.
A “reportagem”, além de manipular fatos notórios, como o interesse americano em deter a corrupção na América Latina e o crescimento do bolivarianismo, utiliza de forma enviesada fragmentos de informação, como as comunicações de diplomatas, porque a pauta já estava pronta antes da apuração: trata-se de dar credibilidade à cascata petista de que o seu chefão e o próprio partido foram vítimas do imperialismo americano ou algo que o valha. Às vésperas do julgamento no plenário do STF que pode reverter a suspeição de Sergio Moro, é algo muito necessário para as pretensões do neolulismo. Com sorte, um ministro lerá em voz alta partes da peça no Le Monde, não é mesmo?
A manipulação no departamento de informações estruturadas de Gasparzinho é tão desavergonhada que ele afirma que Dilma Rousseff convidou Lula para ser ministro do seu governo, em 2016, como “uma última tentativa para salvar a coalizão” que a sustentava. Gasparzinho sabe que foi para dar foro privilegiado ao chefão petista, plano abortado por Sergio Moro. Gasparzinho diz ainda que as “revelações” sobre o que seria a parcialidade de Moro, tese comprada pela maioria da Segunda Turma do STF, que anulou a condenação de Lula no processo do triplex (ele não foi absolvido, rapaz), não afetaram significativamente a popularidade do ex-magistrado. Compreende-se somos um país de idiotas. Mas complementa que “a aura do juiz continua a erodir-se na imprensa internacional”. A “imprensa internacional”, no caso, é composta por gente como Gasparzinho, o fantasminha camarada do PT.
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