Indicação de novo diretor da PF sugere vitória do Supremo e fim da Abin paralela
A nomeação do delegado Paulo Gustavo Maiurino como novo diretor-geral da Polícia Federal sinaliza que o Supremo resolveu colocar um ponto final no "sistema de informações" de Jair Bolsonaro. A troca no comando do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e da própria PF ocorre menos de um mês após vir à tona o episódio de arapongagem contra Allan Lucena, sócio de Renan Bolsonaro, o 04...
A nomeação do delegado Paulo Gustavo Maiurino como novo diretor-geral da Polícia Federal sinaliza que o Supremo resolveu colocar um ponto final no “sistema de informações” de Jair Bolsonaro.
A troca no comando do Ministério da Justiça e da Segurança Pública e da própria PF ocorre menos de um mês após vir à tona o episódio de arapongagem contra Allan Lucena, sócio de Renan Bolsonaro, o 04.
Luiz Felipe Barros Félix, agente da PF lotado na Presidência da República, foi flagrado monitorando Lucena. O episódio acendeu o alerta entre os ministros do Supremo, que relembraram a tentativa de Bolsonaro de criar uma “Abin paralela” ainda no início do primeiro mandato.
Nos últimos dias, Bolsonaro espalhou a interlocutores a versão de que teria ficado surpreso e irritado com Alexandre Ramagem, chegando a dizer que o diretor-geral da Abin teria colocado agentes para seguir seus filhos. Uma justificativa para fritar aquele que chegou a ser cotado para dirigir a PF há um ano e acabou barrado pelo STF.
Ramagem, que se aproximou da família Bolsonaro ainda na campanha, vinha ostentando poder demais, ao despachar com o presidente sem passar por Augusto Heleno, o ministro-chefe do GSI, seu superior hierárquico. Na PF já se sabia que Rolando, o agora ex-diretor, atuava como preposto do chefe da Abin, que também deve ser substituído em breve.
O nome de Maiurino, um quadro muito mais político do que operacional, foi escolhido por isso mesmo. Além da confiança adquirida junto a ministros do Supremo e do STJ, o delegado se tornou especialmente próximo de Dias Toffoli, que assim readquire influência depois da demissão do ministro Fernando Azevedo, seu amigo e ex-assessor.
Parece claro também que o novo ministro Anderson Torres assumiu o cargo com a condição de mudar o “sistema de informações” de Bolsonaro. Com a posse de Maiurino, devem ocorrer mudanças também no destino do inquérito que apura a organização e o financiamento de atos antidemocráticos por bolsonaristas — a PF de Rolando não indiciou ninguém.
Não se pode esquecer ainda que André Mendonça vinha usando a PF para perseguir politicamente qualquer crítico de Bolsonaro, como o empresário de Palmas que colocou um outdoor comparando o presidente da República a um “pequi roído”.
Ao voltar para a AGU, Andrezinho disse que se empenhará em “garantir o desenvolvimento do País, a não criminalização da política e o respeito às instituições”, num giro de 180º para, quem sabe, reabilitar-se para uma vaga no Supremo.
Se os generais impediram a aventura golpista de Bolsonaro, os ministros cortaram suas asinhas.
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