Não foram somente Rodrigo Pacheco e Simone Tebet que saíram em defesa de Kátia Abreu.

Vários senadores, em uma ação claramente orquestrada, manifestaram-se publicamente em repúdio à insinuação feita ontem pelo ainda ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que a senadora do PP de Tocantins faria parte de um suposto lobby chinês para derrubá-lo do cargo. A referência foi aos interesses da empresa Huawei no mercado do 5G brasileiro.

Kátia preside a Comissão de Relações Exteriores. A senadora reagiu dizendo que Ernesto “age de forma marginal”. Na semana passada, Ernesto passou a ser ainda mais pressionado a deixar o Itamaraty. A avaliação é a de que ele atrapalha as negociações do Brasil com outros países para obtenção de mais insumos e vacinas contra a Covid.

Eliziane Gama, líder do bloco com Cidadania, PDT, Rede e PSB, escreveu no Twitter:

“O governo vive de narrativas para polarizar e dividir a sociedade brasileira. A declaração do ministro Ernesto Araújo envolvendo a senadora Kátia Abreu é uma ação contra o Senado é igualmente uma tentativa de jogar a sociedade contra o Parlamento.”

O senador Angelo Coronel, do PSD da Bahia, afirmou na mesma rede social:

“O ministro Ernesto Araújo deveria correr para viabilizar a compra de mais vacinas para salvar vidas. Mas prefere ficar no Twitter criando um clima de contra ou a favor para tentar levantar a sua torcida. Parece mais jogador de time de várzea.”

O governista Mecias de Jesus, do Republicanos de Roraima, também deu sua opinião no Twitter:

“O ministro Ernesto Araújo tem passado dos limites, pois vem comprometendo as relações internacionais do Brasil com outros países parceiros. E agora ultrapassa ainda mais os limites com o Senado Federal. Em meu entendimento, ele é um brincante! Brinca com a situação real da população brasileira, brinca de representar o Brasil como chanceler, brinca de ser aliado do governo Bolsonaro. E agora busca colocar de forma desarmoniosa o governo federal contra o Senado Federal, plantando inverdades.”

Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado, escreveu:

“Meu incondicional apoio à presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu. A insinuação irresponsável por parte de um ministro não é somente um desrespeito ao Senado. É um ato contra todos que constroem a longa e honrosa tradição da diplomacia brasileira.”

Weverton Rocha (PDT), quarto-secretário do Senado, saiu igualmente em defesa de Kátia:

“Encurralado pela péssima gestão à frente da política externa brasileira, principalmente na compra de vacinas, Ernesto Araújo tenta se manter no cargo abrindo uma guerra de fake news contra senadores sérios como Kátia Abreu. Não vamos aceitar mais esse desrespeito contra o Senado Federal e o Congresso Nacional. Táticas de mobilização, com cortinas de fumaça, não funcionarão. Já passou da hora de Ernesto Araújo ser demitido do Itamaraty.“

Jorge Kajuru (Cidadania) também opinou:

“Para mim, o chanceler foi rasteiro demais. A Kátia nem havia pedido para ele sair do ministério já, como eu e outros fizemos. Para o batalhão bolsonarista nas redes sociais, Ernesto ainda respira. Para um Brasil livre de fanatismo, ele já caiu. Que se exploda!”