João Doria é um marqueteiro. Isso já se sabia. A novidade é que, como marqueteiro, ele é um desastre.

O vetor da vacina de Oxford foi produzido e patenteado por um laboratório italiano, IRBM, de Pomezia, perto de Roma. Apesar disso, a vacina de Oxford continua sendo de Oxford. Porque é assim que se faz uma vacina: unindo uma série de componentes, nem sempre fabricados no mesmo lugar.

Ao apresentar a vacina do Instituto Butantan, João Doria gabou-se de sua origem 100% brasileira, omitindo o papel do Mount Sinai, de Nova York, no desenvolvimento de sua tecnologia.

Do ponto de vista de propaganda, isso é de uma estupidez infinita. Em vez de dizer que, contrariamente a Jair Bolsonaro, ele não isola o Brasil, João Doria preferiu recorrer ao ufanismo mais retrógrado, um terreno no qual ele jamais poderá competir com a propaganda bolsonarista. Num momento em que o presidente sociopata está sob ataque por ter transformado o país num pária internacional, João Doria perdeu a chance de demonstrar que, se ele fosse eleito para o Palácio do Planalto, o vínculo com o resto do mundo seria restabelecido.

Em 2022, a propaganda será essencial para demolir os dois populismos: bolsonarista e lulista. Mas ela tem de ser bem feita.