Qual é o impacto da ButanVac na pretensão política de Doria
João Doria anunciou há pouco que o Brasil terá uma vacina contra Covid 100% nacional: a ButanVac. Se tudo der certo, o Instituto Butantan, de acordo com seu diretor, Dimas Covas, terá capacidade de produzir 40 milhões de doses da nova vacina a partir de maio...
João Doria anunciou há pouco que o Brasil terá uma vacina contra Covid 100% nacional: a ButanVac. Se tudo der certo, o Instituto Butantan, de acordo com seu diretor, Dimas Covas, terá capacidade de produzir 40 milhões de doses da nova vacina a partir de maio.
Além de ser uma importante notícia do ponto de vista sanitário, em meio ao pior momento da pandemia no Brasil até aqui, o anúncio tem um peso político.
Segundo anunciado, o imunizante está sendo desenvolvido há cerca de um ano. Em silêncio. Doria e seu entorno guardaram o segredo e decidiriam torná-lo público agora, como parte de uma estratégia política, claro.
O governador de São Paulo, não é de hoje, vem encontrando dificuldades internas no PSDB — onde tem Aécio Neves como principal adversário — e também patina na pretensão de ser o nome do chamado “centro democrático” ao Planalto em 2022.
O entorno do tucano, no entanto, acredita que o “fato novo” da vacina 100% nacional pode colocá-lo no jogo de alguma forma. Um deputado do partido disse a O Antagonista:
“Acho que o Doria estará no jogo o tempo todo enquanto a pandemia durar. Ele tem se dedicado quase que exclusivamente a esse assunto. A realidade tem sido dura com o povo brasileiro. Esse é o assunto principal da agenda de qualquer governante e da população, exceto do negacionista Bolsonaro, que às vezes tem sido arrastado para o assunto. As chances reais do Doria serão identificadas ou não mais para frente, mas acho que está no jogo.”
O ex-deputado Miro Teixeira, que começou a atuar na campanha de Ciro Gomes (PDT) — outro presidenciável que tem tentando migrar para o centro –, comentou assim:
“Nossa democracia ficou refém desse jogo macabro de contar mortos.”
Um dos nomes do grupo do centro de olho na cadeira de Jair Bolsonaro, não querendo ser identificado, afirmou que a nova vacina é “algo excelente no combate ao vírus”.
“Mas não acredito que tenha impacto eleitoral relevante.”
Um presidente partidário que acompanha cada movimento em Brasília não acredita que Doria conseguirá capitalizar a novidade como deve estar imaginando que o fará. Ele ainda criticou a postura do governador.
“Para ser presidente da República no Brasil, não é só gestão. É preciso imagem e liderança. E, quando o Doria tenta puxar muito para si a história da vacina, eu acho que ele erra na comunicação. Para o povão, a impressão que passa é a de que ele está se aproveitando da tragédia. Sem contar que é até arrogância ele achar que vai colar na imagem do Butantan, que tem 100 anos de história. Se não tivesse participado do anúncio hoje, por exemplo, poderia ganhar muito mais, mas ele está pagando o preço de não ter história política.”
Outra liderança política com quase 30 anos de Brasília emendou:
“É claro que vacina 100% nacional é um fator importante, mas não determinante. O Doria precisa aprender a fazer política e o tempo é curto.”
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