A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria
O Antagonista

A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 10.02.2021 11:23 comentários
Brasil

A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria

Como publicado, a imprensa perderá a sala que ocupa na Câmara desde 1960. Será  transferida para outra sem janelas e longe do plenário. A sala antes destinada aos jornalistas que cobrem o trabalho de deputados se tornará o gabinete de Arthur Lira, o réu que virou presidente da Câmara com a bênção de Jair Silvério dos Reis Bolsonaro, braço do Centrão no Palácio do Planalto (como cantarolou o General Heleno quando era o General Heleno, "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão")...

avatar
Redação O Antagonista
4 minutos de leitura 10.02.2021 11:23 comentários 0
A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Como publicado, a imprensa perderá a sala que ocupa na Câmara desde 1960. Será transferida para outra no subsolo, sem janelas e longe do plenário. A sala antes destinada aos jornalistas que cobrem o trabalho de deputados se tornará o gabinete de Arthur Lira, o réu que virou presidente da Câmara com a bênção de Jair Silvério dos Reis Bolsonaro, braço do Centrão no Palácio do Planalto (como cantarolou o General Heleno quando era o General Heleno, “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”).

Esta é uma boa metáfora: jornalistas colocados numa sala no subsolo, sem janelas e longe do plenário. Metáfora do que fez boa parte da imprensa tradicional, com exceções nesse ou naquele ponto, desde a campanha de 2018. Quem a pôs na sala aviltante não foi Arthur Lira, mas ela própria. A imprensa tradicional começou a perder as janelas ao tentar deslegitimar a candidatura de Jair Bolsonaro e legitimar a do poste de um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e que tinha no programa de governo inicial controlar a imprensa e o Judiciário. Era tudo o que Bolsonaro queria: ter justificativa para atacar os jornais, colocando o noticiário verdadeiro no mesmo saco das fake news. O restante das janelas foi fechado quando a grande imprensa aderiu ao crime e publicou as mensagens roubadas da Lava Jato, com o cálculo de enfraquecer Bolsonaro por meio do ataque frontal ao então ministro Sergio Moro e libertar Lula, esse democrata que virá como Deus ex machina para nos salvar do sociopata. O tiro saiu outra vez pela culatra, o que faz pensar que no Brasil a culatra é o caminho certo das balas, dado que elas quase sempre saem por ali, O maior beneficiado com os ataques a Moro foi Silvério dos Reis Bolsonaro, veja só, que nem se deu ao trabalho de fingir repulsa com a vergonha protagonizada ontem na Segunda Turma do STF — tribunal fiscalizado somente pela Crusoé. O mais recente traidor da Pátria provavelmente terá o adversário dos seus sonhos nas eleições de 2022, se nada ocorrer até lá: um PT absolvido.

Enquanto a maior parte da grande imprensa preocupava-se mais com solapar a credibilidade da Lava Jato, o Centrão avançava na Câmara e no Senado, sem que a indignação jornalística aumentasse na mesma proporção. Os acordões do Centrão com Silvério dos Reis Bolsonaro foram tratados, no mais das vezes, como assunto trivial por repórteres, analistas e editorialistas, como se Rodrigo Maia — o Botafogo, senhores — fosse o sujeito ideal para fazer frente ao monstro que ele também ajudou a criar. A maior preocupação era registrar as falas delinquentemente diversionistas do traidor da Pátria sobre a pandemia. Enquanto tudo dava errado para o país, a coisa dava certo para os suspeitos habituais. Como revelou Diego Amorim, jornalistas de grandes redações até aceitaram jantar no apartamento funcional do réu Arthur Lira, no início da campanha dele à presidência da Câmara, para tê-lo como fonte. Toparam ir ao subsolo. Quando se viu, era tarde demais. Quem se afastou da sua verdadeira tarefa no plenário da Câmara, portanto, foi a própria imprensa.

Subsolo, sem janelas e longe do plenário: ao réu Arthur Lira coube apenas fazer a metáfora de uma culpa que não é dele. Arthur Lira não vale nada, mas nunca disse que valia. Ele cumpre o seu papel.

Brasil

Os ministros do STF não vão prestar contas?

29.04.2024 08:35 2 minutos de leitura
Visualizar

Primeiro-Ministro da Escócia renuncia

Visualizar

Entenda como o MEI garante pensão por morte para dependentes

Visualizar

Destaques da quarta rodada do Brasileirão 2024

Visualizar

Investidores locais de olho em decisão do FED para calibrar Selic

Visualizar

Concurso BNDES 2024: Altos salários e 150 vagas

Visualizar

Tags relacionadas

Arthur Lira artigo Centrão Jair Bolsonaro Lava Jato Mario Sabino Moro sala de imprensa STF
< Notícia Anterior

"O gado marcado traduz a lógica do povo alienado"

10.02.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Pesquisa da UFRJ mostra que governo Bolsonaro flexibilizou 57 normas ambientais

10.02.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Os ministros do STF não vão prestar contas?

Os ministros do STF não vão prestar contas?

29.04.2024 08:35 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Entenda como o MEI garante pensão por morte para dependentes

Entenda como o MEI garante pensão por morte para dependentes

29.04.2024 08:30 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Concurso BNDES 2024: Altos salários e 150 vagas

Concurso BNDES 2024: Altos salários e 150 vagas

29.04.2024 08:07 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Homem é assassinado com 23 tiros enquanto fazia raio-X na Bahia

Homem é assassinado com 23 tiros enquanto fazia raio-X na Bahia

29.04.2024 08:00 3 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.