A igrejinha lulista
Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás no governo do PT, pergunta-se “por que tantos militantes de esquerda têm tanta dificuldade em criticar a figura de Lula?”...
Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás no governo do PT, pergunta-se “por que tantos militantes de esquerda têm tanta dificuldade em criticar a figura de Lula?”
Ele tenta responder no Estadão:
“A dificuldade de núcleos de esquerda de fazer a crítica de determinadas condutas de Lula não vem de uma visão primitiva de que ele seja santo, mas do medo mudo de que tratá-lo como um simples ser humano (‘um brasileiro igualzinho a você’, lembra?) ponha a perder toda a ‘mística’ que se ergueu dele (…).
A desculpa ‘tática’ que alguns dão tem que ver com isso. Criticar Lula seria fazer o jogo da direita e enfraqueceria a causa, dizem eles. Acontece que a desculpa ‘tática’ é, também ela, religiosa: qualquer seita reage assim para proteger seu profeta, o que não deixa de ser compreensível. A dimensão divina do profeta funciona como o alicerce das crenças: se ela for abalada, toda a catedral virá abaixo.
O que é particularmente triste é ver o PT se resignando à condição de seita e desistindo da crítica política. É triste porque, embora sempre exista um pouco de religiosidade na ação política, uma agremiação de esquerda que se contenta em se comportar como seita abandona a própria identidade da esquerda, baseada na contestação.
A própria ideia moderna de esquerda é produto da contestação intelectual, é produto da potência crítica dos que pensaram contra a ordem. Logo, uma esquerda sem crítica não é esquerda. É só uma igrejinha. No diminutivo”.
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