O fim de Wilson Witzel O fim de Wilson Witzel
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O fim de Wilson Witzel

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4 minutos de leitura 24.12.2020 09:00 comentários
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O fim de Wilson Witzel

Ao assumir o governo do Rio de Janeiro, em janeiro de 2019, Wilson Witzel afirmou em discurso que era "chegada a hora de libertar o estado da corrupção". Em agosto de 2020, porém, Witzel foi afastado do cargo sob acusação de liderar uma organização criminosa que desviou recursos da saúde...

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O fim de Wilson Witzel
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Ao assumir o governo do Rio de Janeiro, em janeiro de 2019, Wilson Witzel afirmou em discurso que era “chegada a hora de libertar o estado da corrupção”.

Em agosto de 2020, porém, Witzel foi afastado do cargo sob acusação de liderar uma organização criminosa que desviou recursos da saúde.

Com o início da pandemia de Covid-19, Witzel assumiu protagonismo nas ações de combate à doença, ao lado de outros governadores, e se apresentou como um contraponto à política de Jair Bolsonaro.

Dias depois de a OMS declarar a doença como pandemia, o governador publicou o primeiro decreto estadual com medidas restritivas e prometeu a construção de sete hospitais de campanha — apenas dois foram entregues.

Foram justamente as compras feitas sem licitação para a área de saúde em razão da emergência sanitária que levaram ao afastamento do governador.

Em maio, o então subsecretário de Saúde Gabriell Neves foi preso por suspeita de compor organização criminosa que lucrava com contratos emergenciais, sem licitação, voltados ao combate da Covid-19.

No mesmo mês, o empresário Mário Peixoto, um dos principais prestadores de serviço do governo, foi preso por determinação do juiz Marcelo Bretas – acusado de integrar esquema de contratos fraudulentos com o estado desde 2012.

Diante das denúncias, Witzel exonerou o então secretário de Saúde Edmar Santos por “falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha”, mas o manteve em comissão de combate à pandemia.

Documentos apreendidos na operação que prendeu Peixoto mostraram o vínculo entre o escritório da primeira-dama Helena Witzel e Alessandro Araujo Duarte, suspeito de trabalhar como operador de Peixoto.

Também em maio, a Operação Placebo cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Witzel e à então primeira-dama. Alvo da ação da Polícia Federal, o governador teve celular e computador apreendidos.

Questionado sobre a operação, Bolsonaro deu os parabéns à PF e disse que haveria mais operações como a que atingiu seu desafeto, chamado de “estrume” pelo presidente durante a famosa reunião ministerial de 22 de abril.

Em pronunciamento, Witzel negou qualquer irregularidade, atacou o presidente e disse que Flávio Bolsonaro deveria estar preso. Sem citar nomes, afirmou ainda que parlamentares bolsonaristas divulgaram em redes sociais informações sobre a operação contra o governador do Rio, o que, segundo ele, demonstraria vazamento da investigação.

Como mostrou a Crusoé, a investigação sobre Witzel guardava coincidências com informações reunidas num dossiê que chegara ao gabinete de Bolsonaro.

A revelação da revista levantou algumas questões que ainda não foram respondidas: o Planalto mandou investigar o governador? Quem confeccionou o dossiê contra Witzel? Foi uma investigação particular ou feita secretamente por um órgão de Estado?

O escândalo, claro, minou o apoio político de Witzel. Em junho, 69 dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio votaram pela abertura de um processo de impeachment contra o governador.

No mês seguinte, Edmar Santos foi preso suspeito de participar de fraudes em compras para o combate à pandemia. A operação apreendeu no mesmo dia R$ 8,5 milhões.

Em agosto, o Superior Tribunal de Justiça afastou Witzel do governo por 180 dias, mas manteve o vice-governador, Cláudio Castro, também investigado no mesmo inquérito.

Além do afastamento do governador, foram expedidos 17 mandados de prisão, que incluíram o presidente do PSC, Pastor Everaldo, e 84 de busca e apreensão, que atingiram o próprio Cláudio Castro e a mulher de Witzel.

Eleito com discurso anticorrupção, o ex-juiz foi acusado pelo Ministério Público Federal de replicar o esquema que levou Sérgio Cabral para a cadeia.

Segundo o MPF, “o grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em plena pandemia”. O ex-secretário Edmar Santos, preso em julho, delatou o chefe e os comparsas.

Em setembro, a Procuradoria-Geral da República apresentou ao STJ nova denúncia contra Witzel por organização criminosa. No mesmo mês, a Comissão da Alerj aprovou relatório favorável ao impeachment.

Em novembro, o político acabou despejado do Palácio das Laranjeiras. E termina o ano lutando para permanecer em liberdade.

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