A vacina vai salvar as pessoas e pode matar Bolsonaro
Depois de sabotar todas as medidas sanitárias de combate à propagação de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro resolveu entrincheirar-se para lutar contra a obrigatoriedade da vacina. É uma trincheira que ele cavou numa guerra que nunca existiu. O presidente acaba de descobrir que a maioria esmagadora dos cidadãos vai correr para tomar qualquer vacina que for colocada à disposição...
Depois de sabotar todas as medidas sanitárias de combate à propagação de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro resolveu entrincheirar-se para lutar contra a obrigatoriedade da vacina. É uma trincheira que ele cavou numa guerra que nunca existiu. O presidente acaba de descobrir que a maioria esmagadora dos cidadãos vai correr para tomar qualquer vacina que for colocada à disposição.
Jair Bolsonaro e os seus macaquinhos ideológicos tiveram a ofuscante ideia de tentar transformar a luta contra um vírus em ameaça ideológica a si próprios e às liberdades fundamentais. Não foram originais, porque não há de se falar em originalidade em figurino tão surrado pelo passado de inglórias e também pelo presente que se repete como infecção. Populistas de direita também o fizeram em outras plagas. Mas ninguém chegou às raias do ridículo como o presidente brasileiro no caso da vacina contra a doença que flagela o planeta.
O debate sobre a obrigatoriedade da vacina pelo estado brasileiro só existiu como exploração política malfadada entre quem o criou — Jair Bolsonaro — e os que viram nele uma escada eleitoreira, como João Doria. Independentemente do que os aloprados incompetentes que dirigem o país decidam, não só os cidadãos correrão para imunizar-se como a obrigatoriedade efetiva se dará por meio da livre iniciativa e, no plano internacional, de fora para dentro. Empresas aéreas, por exemplo, só embarcarão passageiros imunizados. E países que não forçarão os seus próprios cidadãos a tomar a vacina, como os da União Europeia, permitirão a entrada em seus territórios apensa de estrangeiros devidamente protegidos contra o vírus da Covid-19.
Da sua trincheira numa guerra que não existe contra a vacina obrigatória, Bolsonaro resolveu suicidar-se politicamente: instruiu o seu patético ministro da Saúde a tentar retardar a aprovação pela Anvisa da vacina Coronavac, de João Doria, para tentar conter o adversário político no plano nacional. Doria conseguiu atrair a antipatia dos outros governadores, com a sua ideia de se tornar o galo da vacina nos galinheiros alheios, mas nada cancela o fato de que, com as imagens de gente sendo vacinada no Reino Unido, e que em breve começarão a multiplicar-se em outros países, os brasileiros começarão a exigir com mais barulho que a vacina — qualquer que seja ela — também seja distribuída por aqui. Se continuar a dificultar a compra e aprovação de imunizantes, Jair Bolsonaro verá a sua popularidade já claudicante despencar nas pesquisas e nas redes sociais, o seu habitat preferido, com repercussão negativa inevitável na sua ambição de reeleger-se.
Em Brasília, onde não há inocentes em todas as acepções da palavra, políticos já se movimentam para forçar a aquisição e aprovação de vacinas, independentemente do selo da Anvisa aparelhada pelo bolsonarismo. Querem sair como resgatadores da pátria — e o serão –, enquanto Jair Bolsonaro insiste em morrer entrincheirado na sua guerra imaginária contra o imunizante que todo mundo quer.
A vacina vai salvar as pessoas e pode matar o presidente. Se alguém tiver um pouco de juízo no entorno da besta fera, que lhe dê o conselho de facilitar logo a aprovação dos imunizantes que obtiveram o aval das autoridades sanitárias dos seus respectivos países de origem.
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