Sara Winter e o inverno da delinquência bolsonarista
Ex-ativista do movimento feminista Femen e candidata fracassada a deputada federal, Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, ganhou destaque em 2020 por se tornar porta-voz da ala mais extremista do bolsonarismo. Em 27 de maio, Winter foi alvo de busca e apreensão da...
Ex-ativista do movimento feminista Femen e candidata fracassada a deputada federal, Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, ganhou destaque em 2020 por se tornar porta-voz da ala mais extremista do bolsonarismo.
Em 27 de maio, Winter foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news conduzido pelo Supremo Tribunal Federal.
Depois de ter seu celular e outros aparelhos apreendidos, a ativista postou um vídeo em que ameaçou “infernizar” a vida do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito.
“Pena que ele mora em São Paulo. Se morasse aqui, eu já estava na porta da casa dele para trocar soco com esse filho da puta, arrombado”. A ameaça lhe rendeu a expulsão do DEM.
Líder do grupo 300 do Brasil — nome que expressa apenas um desejo, não uma realidade — Winter conduziu na madrugada de 31 de maio um protesto macabro contra o Supremo.
Usando máscaras brancas, roupas negras e empunhando tochas, o grupo bolsonarista protestou em frente ao STF, em Brasília, cuja sede foi atacada também com fogos de artifício.
O vídeo do ato viralizou na internet. A manifestação, que não reuniu mais do que 30 pessoas, lembrava uma encenação da Ku Klux Klan, mas sem os chapéus pontudos. Enquanto marchavam, os manifestantes gritavam: “Viemos cobrar, o STF não vai nos calar”.
No dia seguinte, membros do grupo liderado por Winter tentaram invadir o Congresso Nacional. Gritando “acabou, porra” com o uso de um megafone, os bolsonaristas chegaram a subir a rampa do prédio, em uma área restrita.
Na manhã de 15 de junho, Winter foi presa por agentes da Polícia Federal. A prisão foi ordenada por Moraes no âmbito do inquérito que investiga o financiamento e a organização de atos antidemocráticos.
Em depoimento à PF no dia de sua prisão, Sara alegou que o protesto contra o STF, com o uso de máscaras e tochas, teve “inspiração bíblica” e não pedia a intervenção militar.
Ao saber da prisão da irmã, Diego Giromini, que se identifica nas redes sociais como “infelizmente irmão da Sara Winter”, comemorou a detenção. Disse ainda que a irmã é “sociopata” e “não pode viver em sociedade“.
Pouco mais de um mês após sua detenção, Sara Winter deixou a cadeia por ordem de Moraes. A militante bolsonarista, que passou a ser monitorada por tornozeleira eletrônica, ficou noiva dias depois de sua soltura.
Winter voltou a ganhar destaque em agosto, quando divulgou em suas redes sociais os dados de uma menina de 10 anos que engravidou após ser vítima de estupro e o endereço do hospital onde ela estava internada para fazer o aborto permitido pela Justiça.
Na publicação, Winter pediu que seus seguidores rezassem no local e “colocassem os joelhos no chão”. Um grupo de pessoas que se diziam católicas foi então ao local para protestar e chegou a entrar em confronto com a polícia.
Após Sara divulgar dados de menina, o YouTube encerrou o canal da extremista por “violação de Termos de Serviço”.
Isolada, a ativista usou redes sociais para criticar Bolsonaro e dizer que estava cansada do governo:
“Não sei mais que ele é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador.”
Afirmou ainda sentir “inveja” do ministro Dias Toffoli por ter ganhado um abraço de Bolsonaro em jantar na casa do ministro do STF.
Em uma sequência de vídeos postados no Instagram, Sara chorou e disse estar com depressão:
“Eu vou ter que levantar e resolver meus problemas. E não tem Bolsonaro para ajudar e não tem Damares para ajudar.”
É o inverno de Sara Winter.
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