Abraham Weintraub, o fugitivo
A trajetória de Abraham Weintraub no Ministério da Educação foi marcada por confusões. Em 2020, nos últimos meses à frente da pasta, o ministro acumulou crises e embates impulsionados principalmente pelas redes sociais...
A trajetória de Abraham Weintraub no Ministério da Educação foi marcada por confusões.
Em 2020, nos últimos meses à frente da pasta, o ministro acumulou crises e embates impulsionados principalmente pelas redes sociais.
Em abril, o STF abriu um inquérito para apurar suposto crime de xenofobia por parte de Weintraub, em razão de um tuíte em que o então ministro usou o personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para ironizar a China, país onde começou o surto da Covid-19.
A “brincadeira leve” do aspirante a humorista rendeu uma crise diplomática com o maior parceiro comercial do Brasil – cuja relação já vinha sendo torpedeada por Eduardo Bolsonaro.
A embaixada da China classificou a mensagem como “fortemente racista” e afirmou que as declarações do ministro provocavam “influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais”.
A trapalhada maior, porém, veio a público com o vídeo da famigerada reunião ministerial de 22 de abril.
Na gravação, o então chefe do MEC reclamava das medidas de isolamento impostas por governadores e prefeitos durante a pandemia e atacava o Supremo, que havia reiterado tais atribuições constitucionais.
“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF.”
A declaração foi interpretada como ameaça ao próprio Supremo e Weintraub acabou virando alvo de nova investigação na corte, desta vez no âmbito do inquérito das fake news.
Em junho, o ministro da língua solta reiterou as agressões aos magistrados —inclusive com o mesmo insulto, “vagabundos”— ao prestigiar uma manifestação bolsonarista na Esplanada dos Ministérios.
Depois disso, a situação de Weintraub ficou insustentável, mas o apoio da claque bolsonarista levou o presidente a acomodar o aliado numa diretoria do Banco Mundial, em Washington. O anúncio foi feito, em 18 de junho.
Weintraub abandonou o país dois dias depois, usando o passaporte diplomático de ministro. Só depois de pousar em solo estrangeiro é que o governo publicou sua exoneração, numa edição extra do Diário Oficial.
“Agora é evitar que me prendam, cadeião, e me matem”, disse.
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