Celso Russomanno, faça como Bia Doria e peça desculpa a “eles”
O deputado federal Celso Russomanno, candidato a prefeito de São Paulo, forneceu a sua visão de mundo ao falar sobre Covid-19 e moradores de rua: "Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi preestabelecido pela OMS... E eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todos os dias, etc. e tal.” Vamos deixar de lado a opinião de quadrúpede...
O deputado federal Celso Russomanno, candidato a prefeito de São Paulo, forneceu a sua visão de mundo ao falar sobre Covid-19 e moradores de rua: “Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi preestabelecido pela OMS… E eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todos os dias etc. e tal.”
Vamos deixar de lado a opinião de quadrúpede em relação a Covid-19 e falta de banho, na esperança de que, depois da prescrição de cloroquina como panaceia, não se comece a receitar descuido com a higiene pessoal como solução para a pandemia. Concentremo-nos na visão traída pela fala do senhor candidato: para Celso Russomanno, o mundo é dividido entre “eles” e “a gente”. “Eles” são tão diferentes que até o sistema imunitário funciona de outra forma, ora vejam só. De onde Celso Russomanno tirou essa ideia? Obviamente, não foi da ciência, mas da sociologia servida entre taças de vinho caro.
Não é preciso ser um Guilherme Boulos para perceber como Celso Russomanno disse uma enormidade. Ele talvez até nem tenha percebido, o que torna tudo ainda pior. Foi o que ocorreu com Bia Doria, mulher de João Doria, que numa conversa gravada em vídeo com uma senhora bastante generosa com a humanidade disse que não se devia dar marmita para moradores de rua porque “a pessoa quer, ela quer receber, ela quer a comida, ela quer roupa, ela quer uma ajuda e não quer ter responsabilidade. Então isso está muito errado, porque se a gente quer viver num país…”.
A questão social no Brasil sempre foi caso de polícia ou práticas higienistas, mas havia um certo pudor que evitava que “a gente” dissesse em público o que realmente pensa sobre “eles”. Esse pudor agora não é tão forte. Talvez porque o abismo já esteja tão largo e profundo que “a gente” só enxergue “eles” se estiver munido de binóculos potentes. Mas quem vai se dar ao trabalho de usar binóculos quando há tanta coisa mais bonita e interessante para olhar de perto, não é mesmo?
Celso Russomanno, faça como Bia Doria e peça desculpa antes que alguém o mande tomar banho ou coisa até pior. A hipocrisia, você sabe, é uma homenagem que o vício presta à virtude etc. e tal.
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