A senadora Simone Tebet integra o grupo que pressiona o presidente da Casa, Eunício Oliveira, a colocar em votação o fim do foro privilegiado. Segundo Tebet, somente os maus políticos estão interessados em empurrar a matéria com a barriga.

“Quem não deve não teme”, afirmou a O Antagonista. Veja os principais trechos da conversa:

O Antagonista – A senhora afirma que o foro privilegiado beneficia os maus políticos e pune os bons. Por quê?

Simone Tebet – Os bons políticos preferem ser julgados na primeira instância, porque a rapidez os favorece. Os custos são menores e, afinal de contas, quem não deve não teme.

O Antagonista – Mas a senhora propõe que os processos contra políticos não sejam julgados em fóruns do interior, e sim das capitais. Por quê?

Tebet – Porque 70% das cidades brasileiras são pequenas, o que aumenta a pressão de grupos políticos locais sobre o juiz de primeira instância. Essa proximidade atrapalha seu trabalho. Já nas capitais, os juízes estão mais distantes desse paroquialismo, como Sérgio Moro, em Curitiba.

O Antagonista – Por que os senadores resistem a votar o fim do foro?

Tebet – O projeto acabou de sair da CCJ. Como muitos senadores não são da comissão, não o conhecem direito. Há pontos que devem ser esclarecidos. Em uma situação extrema, poderemos trocar a soberania popular, expressa pelo voto a cada quatro anos, por uma decisão isolada de um juiz de primeira instância. Essa é uma dúvida que precisa ser esclarecida.

O Antagonista – Ao não votar o fim do foro, os senadores mostram seu medo da Lava Jato?

Tebet – É difícil eu me manifestar sobre isso, porque há colegas de partido envolvidos.