Tivemos ‘sorte’ de pandemia ter começado na China, afirma editor da ‘Lancet’
O editor da revista científica The Lancet, uma das mais prestigiadas do mundo, disse que o mundo teve "sorte" de o surto de Covid-19 ter começado na China...
O editor da revista científica The Lancet, uma das mais prestigiadas do mundo, disse que o mundo teve “sorte” de o surto de Covid-19 ter começado na China.
Richard Horton fez a declaração em entrevista ao canal Um Brasil, da FecomercioSP. O vídeo foi ao ar no domingo (20).
“Eu acho que tivemos sorte de o surto ter começado na China, porque a experiência da China em 2002-2003, quando a SARS a atingiu primeiro, foi muito ruim. Em 2002-2003, a China tentou esconder provas, mentiram para a comunidade internacional, e isso obrigou a diretora-geral da OMS na época a colocar enorme pressão sobre a China. Na verdade, a humilhar a China internacionalmente”.
Para Horton, ao fazer um alerta em 21 de dezembro à OMS sobre o surto em Wuhan, a China respondeu “bem rápido”.
“Sabemos que as autoridades chinesas em Wuhan tentaram reprimir o que chamavam de boatos de um surto, com [o médico] Li Wenliang, que infelizmente morreu depois [em fevereiro de 2020]. Sabemos que houve tentativas de varrer isso para debaixo do tapete”, disse. Horton, no entanto, destacou o trabalho dos médicos chineses e teceu menos comentários sobre a ditadura.
“Eu acho que devemos gratidão aos médicos e cientistas chineses pela forma com que lidaram com o surto nos primeiros estágios”, acrescentou.
Horton também criticou os cientistas de outros países.
“[A gravidade da pandemia] não foi só um fracasso político, foi também um fracasso técnico. Porque cientistas em outros países tiveram a oportunidade de ler esses estudos [publicados na Lancet começo de 2020], de ouvir os alertas vindos da China, e fracassaram em informar esses sinais aos seus governos”.
Horton também entende que a desconfiança de lideranças no Ocidente a respeito da China também contribuiu para o agravamento da pandemia. “Acho que houve uma desconfiança sobre a China”, disse. As pessoas “não confiavam na medicina chinesa, em seus cientistas ou no governo”. Para Horton, esse desconfiança foi uma “forma de racismo”.
Assista ao nosso vídeo sobre a história da SARS e o poder chinês na OMS:
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