R$ 50 bilhões a mais: o gráfico que convenceu o governo a criar a nota de R$ 200
O comportamento da quantidade de dinheiro em circulação mudou muito durante a pandemia. A população reagiu guardando dinheiro em casa, fenômeno chamado pelo Banco Central de "entesouramento"...
O comportamento da quantidade de dinheiro em circulação mudou muito durante a pandemia. A população reagiu guardando dinheiro em casa, fenômeno chamado pelo Banco Central de “entesouramento”.
A real extensão desse entesouramento está em relatório do BC, obtido hoje por O Antagonista por meio da Lei de Acesso à Informação.
A linha cinza no gráfico, a mais alta, representa a quantidade de dinheiro em circulação em 2020. A linha dá três saltos em relação à de 2019 e não apresenta as contrações sazonais típicas dos outros anos.
Um gráfico semelhante já havia sido apresentado pelo Banco Central em 29 de julho, na coletiva de imprensa sobre a nova nota de R$ 200:
Segundo o relatório, o entesouramento pode ser consequência de três fatores: “saques por pessoas e empresas para formação de reservas, diminuição do volume de compras no comércio em geral e, ainda, possível retenção de parcela considerável dos valores pagos em espécie aos beneficiários” do auxílio emergencial, o coronavoucher.
Pelos números do gráfico, o Brasil começou 2020 com cerca de R$ 280 bilhões em circulação. O número oscilou nos primeiros meses do ano, como é normal, e chegou a encostar nos R$ 250 bilhões. Com a pandemia e o coronavoucher, o número quase não parou de subir, até chegar próximo aos R$ 330 bilhões em 22 de junho.
Em relação ao começo do ano, portanto, eram R$ 50 bilhões a mais em circulação, dinheiro que ainda não havia voltado ao comércio e ao sistema bancário. No dia da coletiva de imprensa, já eram R$ 342 bilhões em circulação, ou R$ 62 bilhões a mais em relação ao começo de 2020.
“Uma vez que o dinheiro ainda é base das transações no país e não se pode estimar com precisão por quanto tempo durará o entesouramento, como medida preventiva para continuar atendendo às necessidades de numerário da sociedade nesse contexto de pandemia, em julho de 2020 o BCB propôs ao CMN o lançamento de uma cédula de R$200,00 (duzentos reais), baseada em pré-projeto de cédula reserva elaborado por ocasião do desenvolvimento da Segunda Família de Cédulas do Real”, diz o relatório.
Os estudos técnicos detalhados sobre a nota de R$ 200 foram sujeitos a restrição temporária de acesso público, por um ano.
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