Quem votou em Bolsonaro ganhou uma nota de três reais
Ontem, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi muito claro sobre as implicações do lançamento da nota de 200 reais, em entrevista a Helena Mader, da Crusoé. Eis um trecho: Qual é a sua avaliação sobre a decisão do Conselho Monetário Nacional de lançar uma nota de 200 reais? No campo da corrupção, a existência de notas de maior valor facilita o transporte de dinheiro em espécie...
Ontem, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi muito claro sobre as implicações do lançamento da nota de 200 reais, em entrevista a Helena Mader, da Crusoé.
Eis um trecho:
Qual é a sua avaliação sobre a decisão do Conselho Monetário Nacional de lançar uma nota de 200 reais?
No campo da corrupção, a existência de notas de maior valor facilita o transporte de dinheiro em espécie. Para quem quer evitar a rastreabilidade do dinheiro e receber de forma oculta, é melhor receber um pacote de notas de 200 reais do que de notas de 100 reais, porque ele tem metade do volume e do peso. É muito mais fácil e discreto de transportar. Em vários países, se discute até o fim do papel moeda. No campo do combate à corrupção, a nova nota de 200 reais é um retrocesso.
Como é a política de outros países com relação a notas de valor alto?
A União Europeia tinha nota de 500 euros, que foi retirada de circulação, justamente porque favorecia a corrupção e o transporte de dinheiro em espécie para operações ilícitas e espúrias.
Uma das justificativas do governo é o aumento da circulação de dinheiro em espécie, por conta do pagamento do auxílio emergencial. Esse argumento é plausível?
Essa justificativa parece forçada. O beneficiário do auxílio emergencial usa notas de menor valor, eles precisam de notas de 10, 20, 50 reais. Até a nota de 100 é inconveniente, porque dificulta o troco em pequenas compras. As grandes notas são um problema para pequenos negócios. Essa não é uma justificativa plausível. Até porque o pagamento do auxílio é uma situação transitória, não vamos ter o benefício daqui a alguns meses. Ou, se tiver algum programa, será em valor menor.
Enquanto o mundo caminha para o fim do papel moeda, o governo de Jair Bolsonaro não apenas cria uma nota que possibilitará aos corruptos transportar o dinheiro em espécie em malas de dinheiro com a metade do tamanho das que vêm sendo utilizadas, como pretende escorchar os brasileiros com um imposto sobre as transações eletrônicas. Quem está fazendo isso é o presidente que foi eleito com as promessas de reforçar o combate à corrupção, e está destruindo a Lava Jato por meio do PGR Augusto Aras, e diminuir a carga fiscal que pesa sobre os cidadãos e as empresas.
Quem votou em Bolsonaro ganhou uma nota de três reais.
Leia a íntegra da entrevsita aqui (aberta para não assinantes).
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