A criminalização da Lava Jato é fato vergonhoso e lamentável
Depois de ser apunhalada pelas costas, com aquela baboseira dos hackers, a Lava Jato está sendo apunhalada pela frente e muito poucos parecem importar-se com isso, em meio à pandemia, cada cidadão tentando salvar-se do naufrágio econômico como pode. A pandemia, aliás, serve também para reforçar o discurso esperto dos suspeitos de sempre, segundo o qual a corrupção é um mal menor diante da questão econômica e o combate a ela, neste momento, pode até piorar o quadro causado pelo coronavírus, visto que perturba os mercados, sabe como é que é...
Depois de ser apunhalada pelas costas, com aquela baboseira dos hackers, a Lava Jato está sendo apunhalada pela frente e muito poucos parecem importar-se com isso, em meio à pandemia, cada cidadão tentando salvar-se do naufrágio econômico como pode. A pandemia, aliás, serve também para reforçar o discurso esperto dos suspeitos de sempre, segundo o qual a corrupção é um mal menor diante da questão econômica e o combate a ela, neste momento, pode até piorar o quadro causado pelo coronavírus, visto que perturba os mercados, sabe como é que é.
Apunhala-se principalmente por meio da Procuradoria-Geral da República, na figura do senhor Augusto Aras — que, verdade seja dita, nunca escondeu a sua ojeriza à Lava Jato. A sua intenção, neste momento, é impedir que a Operação avance para o lado do Judiciário e, ao que parece, tentar reverter condenações por meio da narrativa de que os procuradores da Lava Jato obtinham delações por meio de chantagem e extorsão.
Aras tem do seu lado ministros do Supremo Tribunal Federal e outros tribunais superiores, parlamentares que foram pegos em esquemas de corrupção, advogados que enchem as burras com o discurso hipócrita da defesa do Estado de Direito — e, não menos importante, Jair Bolsonaro, o outrora candidato que ganhou altitude no vácuo da Lava Jato. O presidente não só escolheu Aras para chefiar a PGR, como buscou interferir na Polícia Federal, para livrar o seu filho mais velho das investigações sobre o esquema de rachadinha no Rio. Depois que Sergio Moro deixou o governo disparando contra a manobra, Bolsonaro o tomou como inimigo jurado de morte eleitoral, visto que o único interesse presidencial é reeleger-se em 2022 (negando o que dizia sobre reeleição) e o ex-juiz da Lava Jato é eventual e forte adversário. Por esse motivo, o enxovalhamento da força-tarefa em Curitiba é do seu interesse especial. Bolsonarismo, petismo, tucanismo e fisiologismo sem verniz ideológico nunca estiveram tão alinhados numa causa comum.
Os suspeitos de sempre afirmam que a Lava Jato, saudada como patrimônio dos brasileiros, criminalizou a política, uma lorota sem tamanho desmentida por Suas Excelências, os Fatos. Mas quem disse que a realidade conta alguma coisa em Brasília? No seu caminho sem o obstáculo das grandes manifestações de rua, com os cidadãos preocupados com a própria sobrevivência física e econômica, eles agora criminalizam abertamente a Lava Jato, para que nada mude e tudo continue como sempre foi.
É vergonhoso e lamentável.
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