Bolsonarista preso diz que defende ‘intervenção popular’
O jornalista Oswaldo Eustáquio, preso desde a semana passada por ordem de Alexandre de Moraes, disse hoje, em depoimento à Polícia Federal, defender a "intervenção popular" e não uma intervenção militar, como acusa o Ministério Público...
O jornalista Oswaldo Eustáquio, preso desde a semana passada por ordem de Alexandre de Moraes, disse hoje, em depoimento à Polícia Federal, defender a “intervenção popular” e não uma intervenção militar, como acusa o Ministério Público.
“A intervenção popular seria a utilização do direito ao voto de forma consciente e colocar no parlamento pessoas que tenham o desejo de mudar a história da nação brasileira, para que haja paz sem fim”, disse no interrogatório, obtido por O Antagonista.
Ele negou ter participado de manifestações antidemocráticas, foco do inquérito em trâmite no STF no qual é alvo com militantes, empresários e deputados bolsonaristas. Afirmou que não esteve na manifestação do dia 19 de abril — na qual Jair Bolsonaro discursou em frente ao Exército e que motivou a abertura da investigação — mas sim numa do dia 21 de junho.
“Na manifestação do dia 21 de junho presenciou algumas falas antidemocráticas especificamente contra o STF […] que as pessoas que proferiram tais falas não pertencem a nenhum movimento conhecido pelo declarante; que tais pessoas foram identificadas pelos movimentos como infiltrados”, afirmou à PF.
Oswaldo Eustáquio afirmou que não pode ser responsabilizado pela fala de terceiros e que “nunca publicou vídeos que propagasse ou incentivasse [sic] atos contra as instituições, o Estado Democrático de Direito ou a intervenção militar”.
Ele também disse que é amigo pessoal de Sara ‘Winter’ Giromini, mas que não tem relação profissional com ela nem com o 300 do Brasil, grupo de militantes que ficou acampado no estacionamento do Ministério da Justiça até o mês passado.
O jornalista foi preso na sexta-feira passada, 26, em Campo Grande (MS), e teve a prisão temporária renovada nesta semana até domingo. Questionado se pretendia fugir para o Paraguai — outro motivo apresentado pela PGR –, negou, sem explicar o que fazia perto da fronteira.
“O fundamento de decretação de sua prisão, por risco de fuga do país, por estar na região de fronteira na cidade de Ponta Porã, é um equívoco, pois quando estava na citada região no dia 22/06/2020 não existia um pedido de prisão contra sua pessoa, que foi decretado apenas no dia 25/06/2020”, disse.
Hoje, advogados pediram sua soltura imediata, alegando risco de contrair a Covid-19 dentro da carceragem da PF em Brasília. Relatam que, na noite de anteontem, ele teve “seríssimos problemas estomacais” após ingerir água no local. A decisão cabe a Dias Toffoli.
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