Ex-gerente da Vale diz que não sabia de corrupção em negócio na Guiné
O ex-gerente da Vale Alex Monteiro disse à Crusoé que a empresa não tinha conhecimento da existência de propinas em um contrato bilionário de mineração na Guiné com o magnata Beny Steinmetz...
O ex-gerente da Vale Alex Monteiro disse à Crusoé que a empresa não tinha conhecimento da existência de propinas em um contrato bilionário de mineração na Guiné com o magnata Beny Steinmetz.
Em 2008, a Vale comprou de Steinmetz, por US$ 2,5 bilhões, 51% de sua participação no campo de minério de Simandou, na Guiné. A concessão havia sido obtida pelo bilionário junto ao governo do ditador Lansana Conté. Após a morte do chefe de estado e a ascensão de seu opositor Alpha Condé, o negócio foi por água abaixo. O bilionário foi investigado pelo pagamento de propinas à esposa de Conté à época da concessão.
Sob o argumento de que não tinha conhecimento dos esquemas de corrupção, a Vale processou Steinmetz numa corte arbitral britânica. A corte condenou o magnata a indenizar a mineradora em US$ 2 bilhões. Ele apela à Justiça de Nova York contra a multa.
O bilionário alega que não se corrompeu, mas sustenta que a Vale tinha conhecimento sobre riscos de corrupção no negócio. Steinmetz também apresentou e-mails entre o ex-gerente de fusões da mineradora, Alex Monteiro, e um representante da empresa de auditoria Ernst & Young. Na conversa, Monteiro afirma ao auditor não concordar com trecho do relatório da empresa sobre o negócio na Guiné que cita “alto risco de propinas e suborno”. Nos e-mails seguintes, o representante da Ernst & Young afirma ter feito adequações no relatório. O caso foi revelado por Crusoé, na sua edição de número 110.
Monteiro, porém, ressalta que a sentença da corte arbitral demonstra que a Vale agiu com “evidente boa-fé e diligência, como também a atuação profissional, ética e responsável de seus executivos, reconhecendo em favor da empresa o direito a uma indenização de US$ 2 bilhões em razão da atuação ilícita” da empresa de Steinmetz.
Monteiro ainda diz que os e-mails com a Ernst & Young tratam de uma “discussão exclusivamente técnica”, feita para “eliminar ambiguidades, assegurando maior clareza possível ao relatório de due diligence elaborado pela empresa de auditoria”. “O relatório da Ernst & Young indicou que havia certos controles internos deficientes na empresa do Sr. Steinmetz ante a constatação factual de se tratar de uma empresa nova, familiar, com atuação em área remota de mineração em país africano, com mão de obra pouco qualificada e serviços precários.”
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