O ex-ministro da Cultura e deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) pediu a Celso de Mello que requisite de Augusto Aras uma investigação sobre Jair Bolsonaro e Luciano Hang por suposta prática de corrupção.

Ele acusa o presidente de ter escolhido, em 11 de maio, a nova presidente do Iphan, Larissa Rodrigues Peixoto Dutra, para atender a interesse do empresário. Para comprovar, citou uma frase de Bolsonaro na reunião de 22 de abril em que ele revelou a intenção de trocar o comando do órgão.

“Tinha que ter um outro perfil também. O Iphan para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang. Enquanto tá lá um cocô petrificado de índio, para a obra, pô! Para a obra. O que que tem que fazer? Alguém do Iphan que resolva o assunto, né? E assim nós temos que proceder”, disse o presidente aos ministros.

Calero lembra que, em agosto do ano passado, Hang reclamou, nas redes sociais, de um embargo do Iphan à construção de uma loja da Havan em Rio Grande (RS), depois que foram encontrado “fragmentos de pratos” no local.

Antecessora de Larissa Dutra no comando do Iphan, Kátia Bogéa disse no mês passado, em entrevista ao Correio Braziliense, que foi exonerada por pressão de Hang.

Calero acusa Bolsonaro e Hang de corrupção pelas suspeitas de que empresário financiou de forma oculta a campanha de 2018 e ainda contribuiria para disseminar mensagens de apoio ao presidente nas redes sociais.

“O inconformismo de Jair Bolsonaro com a atuação do Iphan não foi imotivado. Na citada reunião ministerial Jair Bolsonaro expôs as razões para a pretendida ‘mudança de perfil’ da instituição: satisfazer interesse de seu apoiador, financiador e amigo pessoal, Luciano Hang, que tivera obra paralisada em função de exigência formulada pelo Iphan”, diz a petição.

Ex-ministro de Michel Temer, Calero deixou o ministério da Cultura em 2016 após revelar pressão de Geddel Vieira Lima para que o Iphan liberasse uma obra barrada pelo órgão em Salvador.

Na Justiça Federal no Rio, o deputado tenta derrubar a nomeação de Larissa Dutra para o comando do Iphan por falta de qualificação técnica: ela é formada em Turismo e Hotelaria, e não em arquitetura, como ocupantes anteriores do cargo.