“Uma campanha sórdida de difamação, repleta de alegorias sexistas e termos chulos”
A Folha de S. Paulo, em editorial, repudiou os ataques sofridos por uma de suas repórteres...
A Folha de S. Paulo, em editorial, repudiou os ataques sofridos por uma de suas repórteres:
“Convocado a testemunhar na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre um esquema fraudulento de disparos de mensagens pelo WhatsApp durante as eleições de 2018, Hans Nascimento, ex-funcionário de uma agência envolvida no escândalo, pôs-se a agredir a jornalista Patrícia Campos Mello, coautora da reportagem que, em dezembro daquele ano, revelou a trama nesta Folha.
Nascimento, que à época contribuiu com a apuração do jornal, pretendeu falsificar os fatos no depoimento prestado a congressistas. Mentiu ao afirmar que não entregou aos jornalistas informações sobre a fraude. Na verdade, repassou naquele período fotos, vídeos e dados, como foi sobejamente demonstrado em reportagem na mesma terça.
A patranha dita diante de parlamentares, criminosa por tratar-se de testemunho juramentado, tornou-se insulto quando o depoente acusou a repórter de ter oferecido sexo em troca de informações.
Desse pântano emergiu o segundo tartufo dessa lamentável passagem da vida nacional, cujo sobrenome, não por acaso, é Bolsonaro.
O deputado Eduardo, terceiro filho do presidente da República, entrou em cena para difundir e tentar emprestar credibilidade às ofensas da testemunha contra a jornalista.
Catalisou a rede de massacres de reputações do bolsonarismo, que por sua vez deslanchou uma campanha sórdida de difamação, repleta de alegorias sexistas e termos chulos, contra a repórter da Folha.
Nada parece casual nessa opereta grotesca. O depoimento falso da testemunha, as manifestações levianas do deputado e a saraivada de impropérios disparada pelas falanges governistas compõem um método de alvejar seja a imprensa profissional, seja o próprio regime das liberdades civis que a supõe (…).
O que falta é a responsabilização exemplar de quem agride a Carta e reincide em atos indecorosos. Até quando Eduardo Bolsonaro abusará da paciência republicana?”
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