Rodrigo Maia e a disputa pelo protagonismo
Reeleito presidente da Câmara em fevereiro, Rodrigo Maia claramente entrou numa disputa por protagonismo com o Executivo neste ano. Durante todo o primeiro semestre, Maia repetiu como um mantra que a reforma da Previdência avançaria no...
Reeleito presidente da Câmara em fevereiro, Rodrigo Maia claramente entrou numa disputa por protagonismo com o Executivo neste ano.
Durante todo o primeiro semestre, Maia repetiu como um mantra que a reforma da Previdência avançaria no Congresso, apesar de Jair Bolsonaro.
Para o deputado, o governo “não tinha ideia, proposta e articulação”. E se dependesse do Planalto, “teríamos 50 votos e não os 350 que esperamos”.
Em meio a uma verdadeira guerra de egos, chegou a dizer que Bolsonaro estava “brincando de presidir o país” e que o presidente deveria “ficar menos no Twitter”.
Depois de ler uma das pílulas de sabedoria publicada por Carlos Bolsonaro nas redes sociais, em março, ameaçou abandonar a articulação política pela reforma previdenciária.
O post de Carluxo em questão era uma resposta de Sergio Moro à decisão de Maia de não priorizar o pacote anticrime.
No episódio, o ministro da Justiça reclamava do encaminhamento dado por Maia a seu projeto. Irritado, o presidente da Câmara desqualificou o pacote e chamou o ministro de “funcionário” de Bolsonaro.
Foi preciso que Joice Hasselmann, a Mulher-Maravilha, fizesse a ponte entre os dois novamente.
No dia 10 de julho, o texto-base da reforma da Previdência foi aprovado em primeiro turno no plenário da Câmara. O resultado foi muito expressivo.
Em discurso antes da vitória, Maia chorou.
Em reação ao discurso de Bolsonaro contra a velha política e o toma lá, dá cá, o Congresso, capitaneado pelo presidente da Câmara, acabou assumindo uma pauta própria neste ano e tentou reduzir os poderes do presidente.
Maia, por exemplo, teve pressa em aprovar a PEC do Orçamento Impositivo para emendas de bancada.
O deputado jurou a O Antagonista, porém, que a proposta não era pauta-bomba.
O presidente da Câmara também defendeu acabar com a permissão para presidentes da República legislarem por meio de MPs.
Além disso, planejou votar antecipadamente a proposta de reforma tributária com origem na Câmara, impondo sua própria agenda.
O objetivo, claro, é capitalizar-se politicamente.
Em parceria com Davi Alcolumbre, presidente do Senado, Maia passou por cima de Moro com a desidratação do pacote anticrime do ministro — o pacote aprovado no Congresso é de Alexandre de Moraes, bem mais brando.
Ele trava agora, sempre ao lado de Alcolumbre, uma luta para derrubar o projeto de lei que senadores querem aprovar para restabelecer a prisão de condenados em segunda instância. Maia e o presidente do Senado preferem a PEC que tramita na Câmara. Propostas de emenda constitucional têm tramitação mais longa e precisam de três quintos de cada casa para serem aprovadas. Em dois turnos tanto na Câmara como no Senado.
O ano termina com Maia como um grande protagonista, é verdade — inclusive das tratativas para o aumento do fundo eleitoral no ano que vem, o que implicará menos dinheiro do orçamento para áreas prioritárias. A maioria esmagadora dos partidos queria 3,8 bilhões de reais, mas o butim ficou em 2 bilhões, como foi acordado em reunião de líderes, todos com receio do veto de Jair Bolsonaro.
Publicou-se que foi graças a Maia que a estrovenga custará quase a metade.
O presidente da Câmara, juntamente com o do Senado, terminou o ano anunciando que a reforma tributária sairá o mais rápido possível. E conseguindo passar o pacote anticrime do ministro Alexandre de Moraes, com aquele item simpático a criminosos de colarinho branco: o “juiz de garantias”. O efeito Flávio Bolsonaro uniu, por um instante, o presidente da Câmara e o da República.
A disputa pelo protagonismo com o Executivo promete outros capítulos eletrizantes.
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