Fabrício Queiroz volta mais radioativo
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, passou boa parte de 2019 sumido. Até a metade do ano, as últimas imagens públicas do ex-PM eram de um vídeo no qual ele aparece dançando num hospital, enquanto toma soro. Em agosto, seu paradeiro foi finalmente...
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, passou boa parte de 2019 sumido.
Até a metade do ano, as últimas imagens públicas do ex-PM eram de um vídeo no qual ele aparece dançando num hospital, enquanto toma soro.
Em agosto, seu paradeiro foi finalmente descoberto: estava vivendo no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde seguia seu tratamento contra o câncer no hospital Albert Einstein.
Queiroz nunca falou pessoalmente ao Ministério Público sobre a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na sua conta (entre entradas e saídas), apontada pelo Coaf. A conjectura mais benévola é que Queiroz era o pivô de uma rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio, na Alerj.
Em março, três meses depois de o seu caso vir à tona, ele prestou depoimento ao MP por escrito, afirmando que gerenciava o gabinete de Flávio Bolsonaro para “multiplicar a base eleitoral”.
Insistiu na versão de que praticava atividades informais como as de segurança particular, compra e venda de veículos e “todo e qualquer outro produto que pudesse lhe garantir uma renda extra”.
Com o tempo, mais rolos apareceram.
Descobriu-se, por exemplo, que a família de Queiroz era dona de uma van que fazia transporte irregular em Rio das Pedras, em área dominada pela milícia; que o ex-PM pagou praticamente toda a conta do Albert Einstein em dinheiro vivo; e que as movimentações financeiras nas suas contas atingiram R$ 7 milhões, entre 2014 e 2017.
Até então, o que se sabia era apenas da movimentação de R$ 1,2 milhão apontada pelo Coaf.
Em outubro, áudios de conversas de WhatsApp entre Queiroz e interlocutores não identificados foram jogados no ventilador.
Uma das gravações dá a entender que o ex-assessor de Flávio continuou a negociar cargos em gabinetes do Congresso Nacional mesmo depois de ser apanhado pelo MP do Rio de Janeiro.
Em outra, Queiroz mostra preocupação com a investigação do MP sobre as rachadinhas: “O MP tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente”.
Em novembro, o ministro Gilmar Mendes revogou uma decisão dada em setembro que suspendia as investigações envolvendo Flávio.
No despacho, o ministro alega que, como a liminar de Dias Toffoli que paralisava as investigações baseadas em dados da Receita e do UIF — antigo Coaf — foi revogada, o pedido de Flávio pela suspensão de seu caso “não mais subsiste”.
A nova decisão liberou o Ministério Público do estado para retomar a apuração sobre o filho do presidente da República. E foi o que ocorreu uma semana antes do Natal. O MP do Rio fez busca e apreensão em endereços de Queiroz, familiares dele, Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, e parentes dela. Flávio também teve a sua loja de chocolates, na Barra da Tijuca, vasculhada. O relatório do MP fluminense sobre as descobertas e conclusões prévias da investigação a respeito do suposto “rachid” comandado pelo filho 01 de Bolsonaro e o seu fiel escudeiro foi divulgado em primeira mão pela Crusoé, em 18 de dezembro, na seção Diário da revista, em várias notas.
Queiroz ficou ainda mais radioativo.
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