Livro da semana: ‘Lava Jato’, de Vladimir Netto
'Lava Jato' organiza os inúmeros personagens e datas de um enredo mais complexo do que 'Game of Thrones'.
Lava Jato, de Vladimir Netto, foi lançado em meados de 2016. Dilma já estava afastada, mas o impeachment ainda não tinha sido confirmado pelo Senado. Com a velocidade das notícias de hoje, poderia ser um livro velho, jurássico. Mas ainda vale a pena ler. Por quê?
Lava Jato organiza os inúmeros personagens e datas de um enredo mais complexo do que Game of Thrones. Existem diferentes clãs: o PP, o PMDB, o PT, e outros menores. Algumas figuras atuam nas sombras para mais de uma facção, como Alberto Youssef. Outras, como Paulo Roberto Costa, começam em um clã e depois passam a servir também a outro. O principal vilão busca voltar ao Trono de Ferro. Não consegue.
O livro serviu de base para o roteiro de O Mecanismo, da Netflix. A parte mais eletrizante está no começo, quando os policiais vão capturar Youssef em um hotel. O episódio foi adaptado quase perfeitamente na série, que apenas mudou o local da ação de São Luís para Brasília.
Lava Jato, de Vladimir Netto, foi lançado em meados de 2016. Dilma já estava afastada, mas o impeachment ainda não tinha sido confirmado pelo Senado. Com a velocidade das notícias de hoje, poderia ser um livro velho, jurássico. Mas ainda vale a pena ler. Por quê?
Lava Jato organiza os inúmeros personagens e datas de um enredo mais complexo do que Game of Thrones. Existem diferentes clãs: o PP, o PMDB, o PT, e outros menores. Algumas figuras atuam nas sombras para mais de uma facção, como Alberto Youssef. Outras, como Paulo Roberto Costa, começam em um clã e depois passam a servir também a outro. O principal vilão busca voltar ao Trono de Ferro. Não consegue.
O livro serviu de base para o roteiro de O Mecanismo, da Netflix. A parte mais eletrizante está no começo, quando os policiais vão capturar Youssef em um hotel. O episódio foi adaptado quase perfeitamente na série, que apenas mudou o local da ação de São Luís para Brasília.
Depois desse capítulo, o livro começa a perder ritmo. É difícil ao enredo caminhar com tantos personagens e tantas repetições dos mesmos truques.
Desde o começo da Lava Jato, os advogados dos criminosos lançaram mão dos mesmos estratagemas. Tentaram a todo custo tirar a operação de Curitiba. Botaram na investigação a culpa pelo desemprego e pelas dificuldades das empresas. Mas essas são inevitabilidades de escrever um livro de não-ficção sobre a investigação que desbaratou o maior esquema de corrupção do mundo.
Curiosamente, O Mecanismo, que afinal de contas é ficção, é retrato mais fiel da realidade do que Democracia em Vertigem, que é supostamente um documentário.
Lava Jato deixa muito claros alguns fatos importantes. Primeiro: o sucesso da Lava Jato é consequência do fracasso do mensalão. Os empresários temiam ter o mesmo destino de Marcos Valério, enquanto os políticos se safaram ou pegaram penas muito leves. A malandragem excessiva do PT no mensalão ajudou as delações premiadas a começarem.
Segundo: a operação atirou para todo lado. Ler o livro é relembrar todos os personagens da trama, incluindo os secundários. Zwi Skornicki. Pedro Barusco. Beatriz Catta Preta. Venina Veloso. Toyo Setal. Aliados e adversários, empresas grandes e pequenas, diretores e operadores, políticos e advogados: está todo mundo lá.
Terceiro: o grande vilão só aparece no final, no capítulo 12. É onde se descreve a condução coercitiva de Lula. Ele foi condenado pela primeira vez apenas em 2017, e preso em 2018.
A derrota do Rei da Noite ficou fora do livro. Quem sabe em uma sequência.
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Lava Jato, Vladimir Netto. 2016. Editora Sextante. 383 páginas.
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