Você confia apenas em evidências que confirmem suas próprias crenças?
Como a mente humana se entrega a armadilhas que a fazem tomar as decisões mais equivocadas.
Em artigo de 2011, Hal Hershfield detalhou um experimento realizado com os próprios alunos. Ao grupo de controle, o professor de marketing da Universidade da Califórnia perguntou o que fariam se inesperadamente ganhassem 1.000 dólares. E observou que os estudantes, em média, poupariam 8% para as próprias aposentadorias.
A pergunta ao segundo grupo foi exatamente a mesma. Mas, antes, as cobaias interagiram com um software que simulava a velhice dos usuários. Assim, puderam conferir como se pareceriam aos 70 anos de idade.
Neste grupo, a reserva para a aposentadoria subiu a 17,2%, uma média 115% maior.
Em artigo de 2011, Hal Hershfield detalhou um experimento realizado com os próprios alunos. Ao grupo de controle, o professor de marketing da Universidade da Califórnia perguntou o que fariam se inesperadamente ganhassem 1.000 dólares. E observou que os estudantes, em média, poupariam 8% para as próprias aposentadorias.
A pergunta ao segundo grupo foi exatamente a mesma. Mas, antes, as cobaias interagiram com um software que simulava a velhice dos usuários. Assim, puderam conferir como se pareceriam aos 70 anos de idade.
Neste grupo, a reserva para a aposentadoria subiu a 17,2%, uma média 115% maior.
Noutro experimento, metade dos participantes ganhou uma caneca presenteada por Richard Thaler. Na sequência, o economista da Universidade de Chicago questionou o valor do objeto a todo o grupo.
Os presenteados especularam que o mimo custara quase seis dólares. No entanto, a metade que nada ganhou estimava os custos em pouco mais de dois dólares apenas.
O resultado contrariava uma clássica teoria econômica, segundo a qual o valor de um produto independe de um determinado membro da sociedade ter propriedade sobre ele.
Ambos os estudos foram resgatados por Ben Yagoda em artigo para a revista The Atlantic. O professor de jornalismo viu nos testes ótimos exemplos de “vieses cognitivos”, a tendência de a mente humana tomar decisões de maneira irracional.
Economistas e psicólogos costumam se debruçar mais sobre o fenômeno. Mas, dentre quase 200 vícios de raciocínio, Yagoda lista seis como os mais recorrentes:
- Viés de atribuição
Trata-se da tendência de erroneamente atribuir a responsabilidade de um evento a algo ou alguém. - Viés do ponto cego
A tendência a achar que apenas outros indivíduos possuem algum tipo de vício. - Ancoragem
A tendência a agarrar-se a uma impressão inicial possivelmente equivocada. - Heurística de disponibilidade
A tendência a especular a frequência de um evento baseando-se na capacidade de se lembrar de um exemplo. - Projeção
A tendência de o indivíduo presumir que outras pessoas compartilham dos mesmos valores. - Viés de confirmação:
A tendência a confiar apenas nas evidências que confirmem as próprias crenças.
Para Yagoda, o viés cognitivo mais recorrente e prejudicial é o de confirmação. Mas a lista apresentada parece delinear os vícios da política brasileira, em ebulição como a de todo o Ocidente, mas numa temperatura muito acima da média.
Para o autor, não há escapatória, a mente humana de fato possui um ímã para enrascadas. Mas há como reduzir o estrago. De uma forma geral, o treino passa por constantemente tentar refutar as próprias convicções.
Em época tão conturbada, entretanto, é de se perguntar quem por aqui estaria disposto a missão tão desconfortável.
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