Ailton Benedito: "Não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR" | Ailton Benedito: "Não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR" |
O Antagonista

Ailton Benedito: “Não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR”

avatar
Redação O Antagonista
7 minutos de leitura 07.07.2019 11:05 comentários

Ailton Benedito: “Não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR”

Em entrevista exclusiva para O Comentarista, o procurador da República fala sobre o trabalho em Goiás, os rumores acerca de nomeação para a PGR, e sobre como conciliar fé e a rotina do Ministério Público.

avatar
Redação O Antagonista
7 minutos de leitura 07.07.2019 11:05 comentários 0
Ailton Benedito: “Não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR”
Aílton Benedito de Souza

Ailton Benedito é procurador-chefe do Ministério Público Federal em Goiás.

Com forte presença nas redes sociais, costuma emitir opiniões que se contrapõem às da ala progressista do MPF.

Quando Jair Bolsonaro aventou a hipótese de nomear um evangélico para a PGR, houve quem interpretasse que Benedito seria essa pessoa. Mas, apesar de se guiar pelos “valores inquebrantáveis de fé em Deus“, o procurador da República tem um perfil um pouco distinto – um pouco.

Com exclusividade para O Comentarista, falou sobre esses e outras temas recentes.

O COMENTARISTA – Em Goiás, o MPF recomendou ao MEC a criação de um canal para denúncias de atos político-partidários em instituições públicas de ensino. Você teme que esta solução politize ainda mais o ambiente acadêmico, rendendo confrontos entre militantes de ideais distintos? E, uma vez feita a denúncia, que tipo de atitude deve ser tomada pelo MEC?

AILTON BENEDITO – A recomendação do MPF em Goiás ao MEC se baseia na Constituição, que garante o direito de petição a qualquer cidadão em face do Poder Público para a defesa de direito e notícia de abuso, com vistas à preservação de direitos fundamentais e à regularidade dos serviços prestados pela Administração Pública.

Não acredito que o cumprimento da recomendação implicará confrontos entre militantes ideológicos distintos. Ao contrário, a instituição de canais de recebimento de notícia de atos político-partidários em escolas e universidades permitirá a atuação do MEC, das Secretarias estaduais e municipais de educação, com a finalidade de inibir e punir tais práticas, que, frise-se, são inconstitucionais e ilegais, e prejudicam o exercício do magistério pelos professores e dos estudos pelos alunos.

O Ministério Público Pró-Sociedade se descreve como uma “associação de membros do MP com perfil conservador”. É nítido que tenta se opor a organizações semelhantes que se guiam por ideais progressistas. Mas essa disputa não pode prejudicar o caráter técnico do trabalho, algo vital para bons resultados nas instâncias superiores?

Ailton Benedito é procurador-chefe do Ministério Público Federal em Goiás.

Com forte presença nas redes sociais, costuma emitir opiniões que se contrapõem às da ala progressista do MPF.

Quando Jair Bolsonaro aventou a hipótese de nomear um evangélico para a PGR, houve quem interpretasse que Benedito seria essa pessoa. Mas, apesar de se guiar pelos “valores inquebrantáveis de fé em Deus“, o procurador da República tem um perfil um pouco distinto – um pouco.

Com exclusividade para O Comentarista, falou sobre esses e outras temas recentes.

O COMENTARISTA – Em Goiás, o MPF recomendou ao MEC a criação de um canal para denúncias de atos político-partidários em instituições públicas de ensino. Você teme que esta solução politize ainda mais o ambiente acadêmico, rendendo confrontos entre militantes de ideais distintos? E, uma vez feita a denúncia, que tipo de atitude deve ser tomada pelo MEC?

AILTON BENEDITO – A recomendação do MPF em Goiás ao MEC se baseia na Constituição, que garante o direito de petição a qualquer cidadão em face do Poder Público para a defesa de direito e notícia de abuso, com vistas à preservação de direitos fundamentais e à regularidade dos serviços prestados pela Administração Pública.

Não acredito que o cumprimento da recomendação implicará confrontos entre militantes ideológicos distintos. Ao contrário, a instituição de canais de recebimento de notícia de atos político-partidários em escolas e universidades permitirá a atuação do MEC, das Secretarias estaduais e municipais de educação, com a finalidade de inibir e punir tais práticas, que, frise-se, são inconstitucionais e ilegais, e prejudicam o exercício do magistério pelos professores e dos estudos pelos alunos.

O Ministério Público Pró-Sociedade se descreve como uma “associação de membros do MP com perfil conservador”. É nítido que tenta se opor a organizações semelhantes que se guiam por ideais progressistas. Mas essa disputa não pode prejudicar o caráter técnico do trabalho, algo vital para bons resultados nas instâncias superiores?

A associação Ministério Público Pró-Sociedade é sim uma entidade que congrega membros do MP com perfil conservador. Em nenhum momento negamos isso. Ao contrário, assim nos apresentamos. Existem, por outro lado, um sem-número de entidades que congregam membros do Ministério Público de perfil ideológico esquerdista, às vezes, dissimuladamente.

Esse tipo de organização compreende-se no exercício de direitos fundamentais de todos os cidadãos, de que são titulares também os membros do Ministério Público, os quais, igualmente aos membros do Poder Judiciário, são os únicos agentes públicos que têm contra si diversas vedações funcionais quase draconianas, que não alcançam os demais agentes públicos, que exercem funções tão ou mais sensíveis para a sociedade. Vedações que, frise-se, não eliminam a cidadania.

Tenho certeza de que os membros do Ministério Público que integram a associação Ministério Público Pró-Sociedade exercem suas funções de forma técnica, segundo determina a Constituição e as leis brasileiras. Trata-se de princípio fundamental da associação.

Em maio, lançaram nas redes sociais uma hashtag pedindo para que o seu nome fosse escolhido por Bolsonaro para a PGR. Como você observa manifestações do tipo? Há, da sua parte, interesse no cargo?

Tenho observado tais manifestações de apoio ao meu nome para o cargo de PGR. Recebo-as humildemente, como valorização do meu trabalho no Ministério Público há quase 13 anos, sempre em defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos direitos sociais e individuais indisponíveis. Da minha parte, não tenho interesse em ocupar o cargo de PGR.

Nas redes sociais, você compartilhou a notícia de que Bolsonaro gostaria de indicar um evangélico para a PGR. De imediato, seus seguidores viram em você o perfil ideal para a vaga. Eles estavam certos?

Sou católico apostólico romano praticante. Entendo que o presidente da República, vinculando-se aos requisitos constitucionais e legais, tem a prerrogativa de indicar qualquer membro do MPF com mais de 35 anos ao cargo de PGR.

Atendendo a esses requisitos, poderá ademais levar em consideração diversos outros aspectos de natureza subjetiva, por exemplo, filosóficos, políticos, religiosos, psicológicos, sociológicos, antropológicos, et cetera, para realizar a indicação.

De que forma a religião de um procurador-geral pode ajudar na condução do Ministério Público? Ou, nesse tipo de trabalho, é melhor deixar a fé de lado?

Todos trazemos em nós, consciente ou inconscientemente, pré-compreensões e compreensões da realidade, que influenciam a nossa forma de pensar e agir no mundo. Não nos despimos de nossa biografia, quando nos investimos no cargo de membro do Ministério Público.

Trazemos em nós, portanto, a religião, ou a ausência dela, que influenciam sim a nossa forma de compreender as pessoas, a sociedade, o país, o mundo, bem como as relações econômicas, sociais e políticas. Não há como um membro do Ministério Público escapar dessa realidade, na qual está inserido.

A título de exemplo, sobre o tema “aborto”, cristãos, judeus, budistas, islâmicos, ateus, et cetera, o compreendem diferentemente. E essas diferenças influenciam a interpretação que dão à “vida” e ao “aborto”, em todas as suas causas e consequências, inclusive jurídicas.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Caiado, sobre indiciamento de Bolsonaro: “E daí? A vida continua”

Visualizar notícia
2

Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas

Visualizar notícia
3

Zelensky critica Lula por “posição fraca” sobre guerra na Ucrânia

Visualizar notícia
4

Forças de Maduro fazem novo cerco à embaixada da Argentina

Visualizar notícia
5

Ivo Patarra na Crusoé: Emendas secretas, mudar para ficar do jeito que está

Visualizar notícia
6

BPC 24/11: Calendário de pagamento liberado. Veja as datas

Visualizar notícia
7

USP inclui Marilena Chauí em lista de docentes negros

Visualizar notícia
8

Esquerda e direita disputam voto a voto pela Presidência do Uruguai

Visualizar notícia
9

25 de novembro é feriado municipal. Confira em quais cidades

Visualizar notícia
10

Golpe da falsa investigação bancária: Como identificar e proteger sua conta

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Golpe da falsa investigação bancária: Como identificar e proteger sua conta

Visualizar notícia
2

Bolsa família (24/11): Calendário de pagamentos para o fim do ano

Visualizar notícia
3

Ivo Patarra na Crusoé: Emendas secretas, mudar para ficar do jeito que está

Visualizar notícia
4

Esquerda e direita disputam voto a voto pela Presidência do Uruguai

Visualizar notícia
5

Bolsa Família 24/11: Confira as mudanças no programa para 2025

Visualizar notícia
6

Como fazer amigos (no governo Lula) e influenciar pessoas

Visualizar notícia
7

Forças de Maduro fazem novo cerco à embaixada da Argentina

Visualizar notícia
8

Caiado, sobre indiciamento de Bolsonaro: “E daí? A vida continua”

Visualizar notícia
9

25 de novembro é feriado municipal. Confira em quais cidades

Visualizar notícia
10

Zelensky critica Lula por “posição fraca” sobre guerra na Ucrânia

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Ailton Benedito Ailton Benedito de Souza Escola Sem Partido MP Pró-Sociedade MPF PGR
< Notícia Anterior

Só no Brasil: Senador condenado planeja férias no Caribe

07.07.2019 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

O acordo Mercosul-UE em números

07.07.2019 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

Suas redes

Instagram

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

As frases da semana em que Marcos Cintra serviu de bode na sala

As frases da semana em que Marcos Cintra serviu de bode na sala

Visualizar notícia
Vídeo: Derrotas do Brexit esvaziam manifestações

Vídeo: Derrotas do Brexit esvaziam manifestações

Visualizar notícia
Vídeo: As derrotas impostas à Lava Jato

Vídeo: As derrotas impostas à Lava Jato

Visualizar notícia
As dez notícias mais lidas da semana

As dez notícias mais lidas da semana

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.