Machadinha de 1,5 milhão de anos é descoberta no Iraque
A arqueologia do deserto iraquiano estuda como grupos humanos antigos usaram e transformaram as paisagens áridas do país
Em 2024, uma campanha arqueológica na região de Al-Shabakah, no deserto ocidental do Iraque, combinou prospecções de superfície, estudos geoambientais e formação de estudantes locais para investigar a presença humana antiga.
O que caracteriza a arqueologia do deserto iraquiano
A arqueologia do deserto iraquiano estuda como grupos humanos antigos usaram e transformaram as paisagens áridas do país, especialmente em fases pleistocênicas mais úmidas, com lagos e rios hoje secos.
A Iraqi Western Desert é central nesses estudos, pois reúne antigos lagos pleistocênicos, leitos de rio seco e extensas superfícies expostas que preservam artefatos em superfície.

Na região de Al-Shabakah, esse cenário permite mapear áreas de ocupação muito antigas sem escavações profundas, identificando sítios com machados de mão e lascas produzidas por técnicas como a redução Levallois.
A integração entre arqueologia do Paleolítico e geoarqueologia é essencial para vincular cada peça à dinâmica de relevo, sedimentos e margens de antigos lagos.
Por que a região de Al-Shabakah é importante para o Paleolítico
Al-Shabakah tornou-se área estratégica por abrigar um antigo lago pleistocênico completamente seco, em cujas margens foram mapeados vários sítios paleolíticos de superfície.
Em uma área aproximada de 10 por 20 quilômetros, a arqueóloga Ella Egberts, da Vrije Universiteit Brussel e sua equipe identificaram múltiplos sítios e centenas de artefatos líticos, desde machados de mão que podem tem sido criados a até 1,5 milhão de anos, até peças típicas do Paleolítico Médio.

Um desses locais foi selecionado para estudo sistemático, visando compreender a distribuição espacial do material e aprofundar as análises tecnológicas e tipológicas. Para explicar melhor os objetivos dessas investigações, destacam-se algumas questões orientadoras:
- Quais áreas eram preferidas para a produção e uso de ferramentas líticas?
- Como os grupos humanos se deslocavam entre antigos lagos, wadis e planícies?
- Que mudanças ambientais afetaram o uso do território ao longo do Pleistoceno?
Como a arqueologia contribui para a evolução humana
Os dados de Al-Shabakah dialogam com debates globais sobre a evolução humana e a circulação de populações entre África, Mesopotâmia e Península Arábica.
Ao integrar essas evidências com pesquisas em regiões vizinhas, refinam-se modelos de rotas migratórias, adaptações a ambientes áridos e mudanças tecnológicas ao longo do Paleolítico.
Os artefatos de superfície permitem analisar tecnologia lítica, padrões de uso da paisagem e ritmo de ocupação em fases mais úmidas ou secas do Pleistoceno.
Com financiamento adequado, as etapas seguintes incluem amostragens mais amplas, análises laboratoriais detalhadas e correlação com dados paleoambientais sobre clima e vegetação.
Como ocorre a formação de estudantes na arqueologia
O projeto prioriza a formação de estudantes iraquianos em métodos de geoarqueologia e arqueologia do Paleolítico, por meio de treinamento em campo e oficinas em universidades locais.

Há também ações de divulgação voltadas a públicos não acadêmicos, como apresentações em conferências multidisciplinares, atividades com imprensa e projetos com crianças do ensino fundamental.
Como a cooperação internacional fortalece a arqueologia
Os projetos dependem de redes internacionais de financiamento e cooperação que viabilizam expedições, análises laboratoriais e ações educativas.
Bolsas e parcerias com institutos estrangeiros são articuladas com o princípio de fortalecer instituições e comunidades locais.
O State Board of Antiquities and Heritage acompanha e autoriza as pesquisas, incentivando sua continuidade e garantindo que os dados gerados contribuam para a proteção do patrimônio cultural.
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