EUA apontam “natureza vil” do regime de Maduro após morte de ex-governador
Alfredo Díaz estava preso no Helicoide, apontado por organizações internacionais como centro de tortura
O governo dos Estados Unidos atribuiu ao regime de Nicolás Maduro a morte do ex-governador opositor Alfredo Díaz (foto), encontrado sem vida em uma prisão de Caracas.
Washington classificou o caso como resultado direto das condições extremas impostas a presos políticos e voltou a acusar o país latino americano de violações sistemáticas de direitos humanos.
“A morte do preso político venezuelano Alfredo Díaz, detido arbitrariamente no centro de tortura de Maduro em El Helicoide, é mais um lembrete da natureza vil do regime criminoso de Maduro”, diz o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA.
O regime venezuelano afirma que o ex-governador morreu de um infarto.
A morte de Díaz ocorreu em um momento de tensão máxima entre Caracas e Washington.
Os EUA deslocaram meios militares para o Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico, medida que o governo Maduro classifica como uma “ameaça” destinada a provocar uma mudança de poder no país.
Quem era Alfredo Díaz?
Díaz, que governou o estado de Nueva Esparta de 2017 a 2021, estava preso havia um ano, isolado, e só havia recebido uma visita da filha nesse período, segundo Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal.
O ex-governador respondia a acusações de terrorismo e incitação ao ódio, enquadramento comum contra opositores desde a eleição fraudulenta de Maduro, em julho de 2024.
A fraude eleitoral desencadeou protestos que deixaram 28 mortos e levaram à prisão de cerca de 2.400 pessoas, muitas delas acusadas de terrorismo. Desse total, aproximadamente 2.000 já foram liberadas, segundo dados oficiais.
Desde 2014, ao menos 17 presos políticos morreram sob custódia do regime, segundo o Foro Penal.
A morte de Díaz, aos 55 anos, eleva para pelo menos seis o número de opositores mortos na prisão apenas desde novembro de 2024, todos detidos no contexto da crise pós-eleitoral que se seguiu ao pleito contestado do ano passado.
María Corina Machado
Líderes opositores como María Corina Machado e Edmundo González Urrutia afirmaram que a morte de Díaz confirma um “padrão contínuo de repressão estatal”.
Ambos responsabilizaram diretamente o regime chavista pela integridade do ex-governador e destacaram que El Helicoide, onde ele estava preso, é reconhecido por organizações internacionais como um centro de torturas.
Em comunicado conjunto, os dois destacaram que as mortes recentes de opositores sob custódia estatal envolvem “negação de atendimento médico, condições desumanas, isolamento e torturas, tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”.
Eles afirmam que o sistema penitenciário venezuelano tem sido usado “para perseguir, castigar e quebrar aqueles que pensam diferente”, estratégia que incluiria também restrições à defesa legal e a nomeação compulsória de defensores públicos.
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Comentários (1)
Marian
07.12.2025 19:40Infarto, mal súbito ?