“Corrida por modelos mais inteligentes acabou”, diz especialista em IA
Nate B. Jones explica que o avanço da inteligência artificial depende agora de energia, infraestrutura e eficiência no uso dos sistemas
O especialista americano em estratégia de inteligência artificial Nate B. Jones afirmou que a era da corrida por “modelos mais inteligentes” chegou ao fim.
Jones comentou um resumo do State of AI Report 2025, elaborado pela gestora britânica Air Street Capital. O relatório, com 313 páginas, é considerado o documento mais influente do setor no Vale do Silício.
Segundo ele, a nova disputa não é por cérebro, mas por eficiência: “O vencedor não será quem tiver o modelo mais inteligente, e sim quem conseguir rodar mais inteligência com menos custo”, disse.
De acordo com o especialista, a “inteligência por dólar” está crescendo em ritmo recorde.
O poder dos modelos dobra a cada quatro ou cinco meses, enquanto o custo cai.
Isso acontece até sete vezes mais rápido que a antiga Lei de Moore, que definia a evolução dos chips de computador.
Na prática, sistemas como o GPT-5, da OpenAI, já oferecem desempenho de ponta por uma fração do preço de versões anteriores.
Para Jones, esse fenômeno muda toda a lógica da indústria. “Empresas que aprenderem a usar o modelo certo para cada tarefa vão dominar o mercado”, afirmou.
O relatório aponta também uma transformação na forma como as pessoas acessam a IA.
O usuário de internet está virando a principal plataforma. Ferramentas como o ChatGPT já funcionam como motores de resposta que entregam informações diretas sem exigir cliques em links.
Segundo a OpenAI, o sistema tem 800 milhões de usuários semanais e já concentra 60% do mercado de buscas com IA.
Essa tendência, explica Jones, cria uma nova economia digital baseada em respostas automáticas, publicidade integrada e comércio eletrônico dentro das conversas.
O maior desafio agora é físico.
A expansão da inteligência artificial depende de eletricidade, água e licenças ambientais.
O relatório prevê que os Estados Unidos terão um déficit de 68 gigawatts de energia até 2028, o equivalente ao consumo de dezenas de cidades médias.
Um único centro de dados de grande porte pode custar US$ 50 bilhões e consumir milhões de litros de água por dia. “A próxima batalha da IA não é de bits, é de átomos”, resumiu o especialista.
Jones também observou que lançamentos de novos modelos costumam antecipar rodadas de investimento.
Laboratórios como OpenAI e Google, segundo ele, anunciam novidades cerca de dois meses antes de captar recursos, usando a inovação como forma de aquecer o mercado.
Ele destacou ainda o avanço da China no desenvolvimento de modelos de código aberto, liderados por empresas como Alibaba e DeepSeek, que permitem adaptação e uso local sem depender de provedores estrangeiros.
Para Jones, a revolução da IA entra em uma fase mais prática e menos teórica.
A inteligência está ficando cada vez mais barata, mas o mundo físico impõe limites claros.
“O futuro da IA será decidido por quem souber combinar eficiência técnica com infraestrutura real”, afirmou.
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