A barragem do antissemitismo
Os militares israelenses que estavam em Brumadinho vão embora nesta quinta-feira. Luiz Kignel, na Folha de S. Paulo, falou sobre os ataques antissemitas que eles receberam de gente como Roberto Requião...
Os militares israelenses que estavam em Brumadinho vão embora nesta quinta-feira.
Luiz Kignel, na Folha de S. Paulo, falou sobre os ataques antissemitas que eles receberam de gente como Roberto Requião:
“De um senador não reeleito no último pleito de 2018 leu-se que os soldados israelenses mais parecem um grupo de assalto a Venezuela e que sua vinda seria desnecessária (obviamente fazendo essa afirmação do conforto de seu lar).
De outras tantas pessoas, igualmente acomodadas a centenas ou milhares de quilômetros de distância da tragédia – e que de uma ou outra forma têm exposição na mídia – ouviu-se que o real objetivo da vinda ao Brasil seria implantar um núcleo do Mossad em território nacional.
Houve quem afirmasse que o único interesse do Exército israelense seria ocultar provas para defender a empresa Vale e tantas outras elucubrações que nada mais são do que a expressão do antissemitismo moderno (…).
Essas manifestações anti-Israel, certamente isoladas, me causam distintas sensações. Como judeu, definitivamente não me surpreendem, porque os antissemitas nada mais são do que parasitas da desgraça (especialmente quando alheia) e não perdem uma oportunidade para desferir seu veneno, não se importando o que e com quem aconteceu.
Como brasileiro, tenho um sentimento de profunda decepção por atestar que em um país fraterno como o nosso Brasil existem pessoas que seguem ignorando a desgraça do seu próximo que de tão desproporcional que é se arrastará por gerações, assim como a calamidade ambiental que demorará possivelmente décadas para se recompor (…).
Certamente vou decepcionar aqueles que imaginaram que me aproveitaria deste espaço para apresentar um ponto de vista sobre a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém ou que faria ataques políticos à esquerda ou à direita. Se assim o fizesse, me igualaria no mesmo baixo nível daqueles que estou criticando. Israel não está, como qualquer outro país, imune aos que discordam de sua política. O que se aponta aqui, apenas, é a oportunidade imperdoável de fazê-lo aproveitando-se de uma situação de calamidade nacional.”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)