Tio Barnabé: os magistrados do amor tebano
Em Brasília, tão normal como os tribunos do sexo viril, a falta de calçadas nas ruas, os espaços públicos maltratados, os pombos na Praça dos Três Poderes (talvez a praça mais feia do mundo), é a existência do Superior Tribunal Militar. Brasília não questiona. Brasília cumpre regras, cumpre as ordens e nunca transige. O Superior Tribunal Militar tem 900 servidores para julgar cerca de 100 processos por ano...
Em Brasília, tão normal como os tribunos do sexo viril, a falta de calçadas nas ruas, os espaços públicos maltratados, os pombos na Praça dos Três Poderes (talvez a praça mais feia do mundo), é a existência do Superior Tribunal Militar. Brasília não questiona. Brasília cumpre regras, cumpre as ordens e nunca transige. O Superior Tribunal Militar tem 900 servidores para julgar cerca de 100 processos por ano.
O Poder Judiciário do Brasil é um dos mais caros entre os países do Ocidente. O Brasil tem a maior relação de servidores da Justiça por cada 100 000 habitantes, superando países como a Alemanha e a Inglaterra. Deve ser por isso que nossa justiça é tão melhor que a deles! Em relação ao PIB, nosso custo com a justiça é quatro vezes maior que o do custo do Judiciário da Alemanha, por exemplo.
Mas voltemos à Justiça Militar. Pois bem, pela página do Superior Tribunal Militar na internet, ficamos sabendo que a tal Justiça Militar da União é a mais antiga do País, com mais de 200 anos, e que passou a integrar o Poder Judiciário a partir da Constituição de 1934. Somos informados também que os seus julgamentos seguem a mesma sistemática do Judiciário Brasileiro. Hum… O STM julga pouquíssimo, tem grande estrutura, quinze ministros vitalícios (oriundos da carreira militar, em sua maioria) e são extraordinariamente desconhecidos. Seguramente é a maior sinecura do Brasil e quiçá do mundo. Creio que somente Joaquim Barbosa, quando à frente do CNJ, botou a mão na cumbuca: “Os números são escandalosos. São indicativo de um verdadeiro descalabro financeiro”.
Joaquim, aliás, tinha o péssimo hábito de falar coisas que em Brasília não se fala para o padre em confissão, nem para o psicanalista e muito menos para um novo Chico Xavier depois da morte.
O STM dedica-se em demasia, em grau de recurso, a apurar o crime do art. 235 do CPM. Para quem não é familiarizado com o código militar, trata-se do crime de pederastia. Sim, caro leitor! Temos uma Corte que gasta milhões do contribuinte para punir os soldados que praticam o antigo amor tebano! Que a pederastia se espalha pelos quartéis mundo afora, todos sabemos. Mas criar uma estrutura para processar e julgar esse pessoal já é piada de mau gosto. Em Brasília, a licenciosidade com o dinheiro público busca coibir a licenciosidade de verdade.
E, para quem acha que o fim um dia estaria próximo, ao lado do STJ há uma área em está fincada uma placa onde se lê que ali será edificada a nova sede da Corte do Amor Socrático!
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)