Crusoé: Meta e a vitória contra tribunais jacobinos digitais
Problemas das redes sociais devem ser resolvidos com as ferramentas da própria democracia e não com métodos autoritários
Três meses antes da eleição de 2018, o Facebook mostrou aos brasileiros como funcionava seu tribunal virtual jacobino, condenando à morte social o Movimento Brasil Livre, MBL, um grupo de jovens que havia liderado as maiores manifestações populares do país apenas dois anos antes.
Alegando combate à desinformação, a empresa apagou exatas 196 páginas e 87 contas, acusando seus donos de operar uma rede coordenada de perfis falsos.
Na prática, a ação foi um ataque direcionado a um grupo político de direita que mobilizava apoiadores e desafiava narrativas dominantes em um momento crucial na democracia brasileira.
A “morte digital” de hoje lembra as decretações de exílio forçado da Antiguidade, como os dos poetas Ovídio e Dante Alighieri.
Ovídio foi banido de Roma por razões pouco claras até hoje, enquanto Dante foi expulso de Florença com acusações falsas por um grupo político rival.
Dois dos maiores poetas da história que perderam o direito de viver nas suas cidades com suas famílias e morreram no exílio.
Quando a suposta transgressão é feita por alguém da esquerda, tudo muda.
O Partido da Causa Operária (PCO) só teve bloqueios de seus perfis após ataques ao STF.
Apesar de denúncias recorrentes de um antissemitismo visceral e apologia ao terrorismo do Hamas, o PCO não teve suas contas removida por causa disso.
Assim como os exilados da história, quem sofre a “morte digital” é silenciado, removido de uma arena pública vital.
A diferença é que, agora, o processo é invisível, conduzido às sombras, e não há sequer a figura do ditador para responsabilizar.
Democracia até a página 2
O caso do MBL em 2018 foi um dos muitos exemplos de um clima autoritário que havia se instalado após a primeira eleição de Donald Trump…
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