Venezuela comprou 20 mil frascos de spray de pimenta do Brasil
A negociação contou com o aval do Exército Brasileiro e do Ministério da Defesa
No último ano, a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro adquiriu 20 mil frascos de spray de pimenta brasileiro, segundo revelou a BBC Brasil.
A exportação teve a anuência do Ministério da Defesa, comandado pelo ministro José Múcio Monteiro, e do Exército Brasileiro. Não há, porém, a identificação da empresa ou das empresas responsáveis pela venda.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a Venezuela foi o país que mais importou o item, que é utilizado para a dispersão de manifestantes por parte dos agentes do regime chavista.
Para o governo brasileiro, a exportação dos itens ocorreu de acordo com as normas vigentes.
O produto causa lacrimejamento intenso nas vistas e pode fazer até mesmo a sensibilidade da córnea.
Os frascos de spray saíram de São Paulo até Roraima, que faz fronteira com a Venezuela.
Repressão
O ditador Nicolás Maduro será empossado pelo terceiro mandato consecutivo nesta sexta-feira, 10.
Nos últimos dias, a pressão sobre o regime intensificou-se após países reconhecerem a vitória do presidente eleito, Edmundo González Urrutia.
Nas ruas, os manifestantes lutam para que González assuma o comando do país.
Para conter qualquer ato político, o regime adotou práticas ainda mais repressoras e de intimidação.
Maduro ativou o Órgão de gestão integral (ODIS), que centraliza todos os Poderes sob o pretexto de “defender a paz” no país.
Na prática, o ditador proclamou-se o comandante supremo de uma fusão político-militar.
Além disso, o regime armou milicianos com fuzis russos para agirem contra manifestantes.
Sequestros
Na véspera da posse, a principal opositora do regime, María Corina Machado, foi sequestrada por policiais quando saía de um ato em Chacao, na capital venezuelana.
A equipe de comunicação denunciou que María Corina foi derrubada de uma moto ao sair de uma, e levada presa à força.
Horas depois, o Comando Con Venezuela, afirmou que a líder da oposição foi obrigada a gravar vários vídeos, antes de ter sido libertada pelas forças de segurança do regime chavista:
“Hoje, dia 9 de janeiro, saindo da concentração de Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da motocicleta que dirigia. Armas de fogo detonadas no evento. Eles a levaram embora à força. Durante o período do sequestro, ela foi obrigada a gravar vários vídeos e posteriormente foi libertada.”, publicou no X.
Um veículo oficial do regime chavista de Nicolás Maduro negou que María Corina teria sido sequestrada pelas forças de segurança.
Foi sequestrado também Rafael Tudares, genro de Edmundo González, em 8 de janeiro.
A família do presidente eleito não tem informações sobre o paradeiro:
“O desaparecimento forçado do meu genro, Rafael Tudares, continua. Não há informações sobre sua localização ou condição física. Condeno veementemente a violação dos direitos humanos, tanto de Rafael como daqueles que desapareceram nos últimos dias”, publicou no X.
Nas redes sociais, a esposa de Tudares e filha do presidente eleito, Mariana González Tudares, disse que ainda não sabe o paradeiro de seu marido.
Para Mariana, o sequestro “é uma medida de retaliação política” ao pai, Edmundo González:
“Entendemos que o seu sequestro é uma medida de retaliação política contra o meu pai, Edmundo González Urrutia, e devemos ressaltar que aqueles feitos que se pretendem atribuir a meu pai, não podem se estender a todo o seu entorno pessoal e familiar“, escreveu em comunicado.
Leia mais: “Genro de Edmundo González segue desaparecido”
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