Washington Quaquá, vice-presidente do PT e prefeito eleito de Maricá, esteve acompanhado de Márcio Canella (União Brasil), prefeito eleito de Belford Roxo e alinhado ao bolsonarismo. Durante o encontro registrado, nas redes sociais, Quaquá prometeu apresentar Canella ao presidente Lula.

“Estou com o Canella, que é meu amigo há muito tempo, e vou levá-lo ao presidente Lula, para que o Lula possa fazer investimentos maiores na Baixada, através do Canella. O PT tem que estar com esse irmão aqui, e ele com a gente. Tamo junto“, disse o petista, em vídeo publicado.

Canella retribuiu os elogios, classificando Quaquá como um “líder político nacional” e “trabalhador”.

Desconforto para Waguinho

A aproximação entre Quaquá e Canella gerou desconforto para Waguinho (Republicanos), atual prefeito de Belford Roxo e um dos principais aliados de Lula na região. Em seu segundo mandato, Waguinho viu seu candidato, o sobrinho Matheus, ser derrotado por Canella nas últimas eleições municipais.

Waguinho esteve ao lado de Lula nas eleições de 2022, sendo um dos poucos apoiadores do petista na Baixada Fluminense. Como recompensa, Lula nomeou sua esposa, Daniela Carneiro, para o Ministério do Turismo.

No entanto, Daniela deixou o cargo após Waguinho após se desfiliar do União Brasil, partido que controlava a pasta. O ministério foi então ocupado pelo deputado federal Celso Sabino.

Aliança com Lula

Apesar do afastamento, Lula mantém referências positivas ao casal. Em um evento realizado em setembro em Belford Roxo, o presidente relembrou a aliança:

“Em um momento muito difícil, da campanha de 2022, Waguinho tinha convite para apoiar outros candidatos, e ele e a primeira-dama dele tiveram a coragem de assumir a minha candidatura, mesmo sendo ameaçados. Obrigada Waguinho e minha Dani, pela decência“, afirmou Lula”.

A relação entre Waguinho e Canella, porém, remonta a um passado de aliança. Em 2016, quando foi eleito prefeito pela primeira vez, Waguinho tinha Canella como vice. Os dois mantiveram uma parceria sólida até 2022, quando, em uma campanha conjunta, Canella e Daniela Carneiro foram eleitos os deputados mais votados do estado, respectivamente para as esferas estadual e federal.

Entretanto, o rompimento começou a se delinear quando Waguinho apoiou Lula no segundo turno presidencial, enquanto Canella optou por Jair Bolsonaro (PL). Antes disso, divergências surgiram quando Waguinho vetou o nome de Canella para a vaga de vice na chapa do governador Cláudio Castro (PL).

A cisão se concretizou no ano passado, quando Waguinho comunicou que não apoiaria Canella como sucessor e decidiu apostar no sobrinho Matheus, então secretário municipal de Gestão e Inovação. O desentendimento se agravou com a saída conturbada de Waguinho do União Brasil para liderar o Republicanos no Rio de Janeiro.