Uma PGR nota 7
Em seu primeiro ano à frente da Procuradoria-geral da República, Raquel Dodge apresentou 46 denúncias — quase uma por semana: foram 32 perante o STF e 14 no STJ. A maior envolveu...
Em seu primeiro ano à frente da Procuradoria-geral da República, Raquel Dodge apresentou 46 denúncias — quase uma por semana: foram 32 perante o STF e 14 no STJ.
A maior envolveu Roberto Jefferson, Cristiane Brasil, Paulinho da Força e mais 23 pessoas, por organização criminosa, relativa a irregularidades na concessão de registros sindicais pelo Ministério do Trabalho.
Também entra na conta de Dodge o pedido que resultou na prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, acusado de operar um “esquema próprio de corrupção”.
A PGR requereu a prisão do aliado de Sérgio Cabral por entender que o esquema criminoso ainda estava em curso — e com o objetivo de descobrir onde Pezão ocultou a propina.
O presidente Michel Temer foi deixado de lado por Dodge no inquérito do quadrilhão do MDB, mas não teria a mesma sorte no caso dos portos.
No último dia antes do recesso do Judiciário, Dodge denunciou Temer e afirmou que ele recebia propina havia mais de 20 anos.
Foi um dia agitado para a PGR.
Aproveitando-se do apagar das luzes do ano Judiciário, o ministro Marco Aurélio Mello concedeu liminar mandando soltar todos os presos condenados em 2ª instância, medida que poderia colocar Lula na rua.
A PGR recorreu, alegando que a decisão de Marco Aurélio seria um “triplo retrocesso”: para o sistema de precedentes, para a persecução penal e para a credibilidade da Justiça.
O ministro Dias Toffoli acatou os argumentos e derrubou a decisão de Marco Aurélio.
O presidiário Lula deu muito trabalho. Montou a farsa da candidatura a presidente da República e até quis ser entrevistado na prisão.
Para a PGR, além de não poder ser candidato por causa da lei, o ex-presidente não deveria ser autorizado a conceder entrevistas a partir da prisão, como queria — e quer — Ricardo Lewandowski: “Lula é um detento em pleno cumprimento de pena, e não um comentarista de política.”
Dodge se manifestou ainda diversas vezes contra as tentativas de soltar o presidiário. Na última das suas manifestações a respeito, depois da liminar de Marco Aurélio Mello, escreveu uma frase antológica: “Lula confunde direito à ampla defesa com direito a defesa ilimitada”.
Em uma delas, enviada ao STF, no final de julho, declarou não haver a menor dúvida sobre os crimes cometidos por Lula.
Na contramão desse desempenho, Dodge não deu o seu aval a novos acordos de delação premiada, o que causou desconforto entre procuradores da Lava Jato em Brasília e Curitiba. E também cedeu a demagogias contra Jair Bolsonaro.
Nota 7. É uma ótima nota. O seu predecessor não chegou a 5.
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