Ciro e a vontade de ser o capitão da esquerda
O estilo belicoso de Ciro Gomes encontrou, na eleição de 2018, um novo alvo: os velhos "aliados" petistas. O pedetista passou o ano tentando construir uma chapa competitiva de esquerda...
O estilo belicoso de Ciro Gomes encontrou, na eleição de 2018, um novo alvo: os velhos “aliados” petistas.
O pedetista passou o ano tentando construir uma chapa competitiva de esquerda.
Buscou acordos com a comunista Manuela D’Ávila, o petista Fernando Haddad, o PSB e até DEM e PP.
Nada.
No caso da negociação com o PSB, o PT agiu ativamente para passar uma rasteira em Ciro e matar qualquer pacto eleitoral: da prisão, Lula comanda a ação para manter a sua hegemonia entre os esquerdistas.
Gleisi Hoffmann o hostilizou, afirmando que uma eventual aliança do PT com o PDT, tendo Ciro na cabeça de chapa, não seria aprovada pelos petistas “nem com reza brava”.
Em resposta Ciro, disse apenas “ter pena” da presidente do PT.
Ciro prossegiu, então, sem aliados, montando uma chapa “puro sangue”, com Kátia Abreu como vice.
Em campanha, partiu de Ciro uma das promessas mais populistas da eleição: tirar o nome de 63 milhões de brasileiros do SPC.
De resto, o que se viu foram os ataques virulentos tão ao estilo de Ciro: ele prometeu “destruir” o MDB, chamou Michel Temer de “enojante” e o vereador de São Paulo Fernando Holiday, de “capitãozinho do mato”.
Jair Bolsonaro mereceu mais atenção: “projetinho de Hitler tropical”, “câncer a ser extirpado” e “vagabundo fascista”. O então candidato do PSL respondeu, dizendo que Ciro “precisa de uma “cirurgia de língua”.
A revista Crusoé também foi alvo da língua grande de Ciro, após revelar as práticas coronelistas e os fracassos das gestões da família Gomes no Ceará: turma “furibunda”, “canalhocratas” e “meninada à toa”, disse, sem fazer reparos, contudo, ao conteúdo da reportagem.
Encerrado o primeiro turno, Ciro, que ficou em terceiro lugar na votação, deu uma banana para o “aliado” Haddad, que implorava por seu apoio na disputa final.
Embarcou para a Europa e manteve-se distante; ao voltar, não declarou voto em Haddad.
O PDT anunciou um “apoio crítico” ao poste, tudo muito sem sal, até que Cid Gomes colocou uma pimenta no assunto, proferindo o já antológico: “Lula está preso, babaca.”
Pode ter sido mágoa, mas a postura era cálculo também: Ciro e PDT olham para 2022 e enxergam um PT sem Lula — e sem chance, portanto, de continuar como o maior partido da esquerda.
Se Bolsonaro é o capitão da direita, Ciro quer ser o capitão do espectro oposto.
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