“Brain Rot”: Como o consumo digital pode afetar suas funções cognitivas
Brain rot, eleita a palavra do ano pela Oxford University Press, resume preocupações sobre o impacto do consumo excessivo de conteúdo online
Na era digital, a proximidade constante com dispositivos eletrônicos e redes sociais é parte indissociável da vida moderna. Embora ofereçam conveniências significativas, surgem preocupações acerca dos efeitos negativos sobre a saúde mental e cognitiva dos usuários. Este fenômeno vem sendo metaforicamente chamado de “brain rot” ou “podridão cerebral“.
O termo ganhou destaque ao descrever uma potencial degradação mental associada ao consumo excessivo de conteúdos online superficiais. Aumento das horas diante das telas e o engajamento constante nas redes sociais são sinais evidentes de um estilo de vida que privilegia o entretenimento rápido e de fácil acesso.
O cérebro realmente “apodrece”?
O termo “apodrecer”, quando aplicado ao cérebro, não é literal. O neurocientista Fernando Gomes explica que para ocorrer uma putrefação real, seria necessário que o indivíduo esteja morto. Portanto, nenhum conteúdo digital pode causar tal efeito fisiológico em uma pessoa viva. A expressão é uma analogia ao efeito nocivo do consumo excessivo de certos tipos de informação.
Embora não haja pesquisas que indiquem uma deterioração física do sistema nervoso, os especialistas concordam que a exposição prolongada a conteúdos de qualidade duvidosa pode impactar negativamente as funções cognitivas e a saúde mental dos indivíduos.
Como o uso das redes sociais afeta a cognição?
O cérebro busca economizar energia, e esse comportamento é exacerbado pelo circuito de recompensas, como a liberação de dopamina ao navegar nas redes sociais. A acessibilidade constante aos smartphones torna esse estímulo prazeroso fácil de ser atingido, alterando o padrão de atenção e a capacidade de concentração dos indivíduos.
Essa facilidade de consumo leva a um comportamento menos inclinado a se engajar com conteúdos que exijam maior esforço intelectual. Como resultado, tarefas como ler um livro ou se dedicar a atividades que demandem atenção prolongada tornam-se menos frequentes.
Quais são as consequências do “brain rot”?
A busca incessante por recompensas rápidas pode gerar um ciclo de dependência, aumentando a ansiedade e exacerbando predisposições hereditárias para doenças mentais, como a depressão. Indivíduos habituados a conteúdos triviais podem apresentar um repertório intelectual superficial e pouco desenvolvido.
Esse fenômeno também tem repercussões sociais significativas. A exposição a informações falsas ou simplificadas pode moldar um pensamento coletivo que favorece teorias da conspiração e reduz a capacidade crítica. Tal contexto cria uma sociedade mais vulnerável a manipulações políticas e ideológicas.
Como minimizar os efeitos negativos do uso digital?
Para mitigar os impactos do “brain rot”, é crucial equilibrar o uso da tecnologia com atividades que estimulem a mente de maneira construtiva. Desconectar-se das telas regularmente e buscar experiências enriquecedoras fora do mundo digital são estratégias recomendadas pelos especialistas.
O neurocientista Fernando Gomes recomenda redefinir o papel das tecnologias em nossas vidas, usando-as como ferramentas e não como substitutos da interação humana e do desenvolvimento cognitivo harmonioso. O esforço consciente para interromper padrões prejudiciais é essencial para proteger a saúde mental em uma sociedade cada vez mais digital.
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