Esquerda facilitou avanço da PEC antiaborto, diz filha de Cunha
Para Danielle Cunha (União-RJ), a utilização do nome de Eduardo Cunha como estratégia para barrar PEC mostrou que político é "adversário da esquerda"
A deputada Danielle Cunha (União-RJ) ocupou lugar de destaque durante o debate sobre a PEC antiaborto que teve aprovação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nesta semana. Ela assumiu protagonismo que chegou a superar, por ocasiões, a atuação da deputada Chris Tonietto (PL-RJ), relatora da proposta de autoria de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e pai da deputada do União Brasil.
Em declaração a O Antagonista, a Danielle Cunha comentou a estratégia utilizada pela base governista de usar a autoria de cunha para tenta deslegitimar a proposta.
“Usarem o nome do meu pai para tentar contrapor a PEC só facilitou a aprovação, além do que deu uma bela propaganda a ele, o caracterizando cada vez mais como o adversário da esquerda. Espero que continuem a falar dele, pois o ajudará bastante”, avaliou.
O papel de Danielle Cunha
A parlamentar foi apontada por membros da CCJ como dona de uma atuação “preponderante” que conciliou argumentos “científicos e religiosos”, contribuindo para a aprovação.
Para contrapor alegações de que a PEC vai mudar os rumos da política de regulamentação sobre métodos fertilização, a parlamentar chegou a mencionar detalhes da vida pessoal, dizendo que fará adesão a métodos de reprodução humana assistida.
“Faz parte do meu mandato a defesa da vida, logo foi muito importante a aprovação. Não tenho qualquer preocupação de usar fatos da minha vida para desmentir argumentos mentirosos de quem é a favor do aborto. A causa de defesa da vida é maior que a minha vida pessoal”, destacou.
E completou: “Foram usadas muitas mentiras que estão sendo reverberadas pela mídia. O debate de mérito na comissão especial irá esclarecer todas as dúvidas”.
Pressão pelo avanço da proposta
A bancada evangélica intensificou a pressão sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que duas propostas que endurecem as regras sobre o aborto avancem ainda em 2024. O foco é a instalação da Comissão Especial prometida por Lira para debater o assunto.
Além da PEC de autoria do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta semana, que altera a Carta Magna para estabelecer a proteção à vida “desde a concepção”, tramita na Casa de Leis um projeto de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que equipara o aborto ao crime de homicídio.
“Prioridade” para a Frente Evangélica
O deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da Frente Evangélica, reforçou a urgência da pauta e pediu que Arthur Lira tome uma decisão imediata:
“Vamos cobrar o despacho para a instalação da comissão especial. Essa é uma pauta inadiável, prioritária para a nossa bancada”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.
Justificativa
A PEC de Eduardo Cunha foi apresentada em 2012 e defende que o direito à vida se inicie no momento da concepção. “A vida não se inicia com o nascimento e sim com a concepção e na medida desse conceito, as garantias da inviolabilidade do direito à vida tem que ser estendidas aos fetos […] essa proposta garante que os fetos tenham o mesmo direito à inviolabilidade do direito à vida”, diz a justificativa do texto.
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