Pacotinho fiscal de Haddad eleva projeção de alta nos juros
Barclays projeta agora um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Copom, o que levaria a taxa para 12% ao ano
O anúncio de corte de gastos feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto), na quarta-feira, 27, não convenceu ninguém quanto à sua capacidade de melhorar a credibilidade fiscal do governo Lula. Isso significa, entre outras coisas, que vem um aumento da taxa básica de juros mais alto por aí.
A promessa de ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais ofuscou as intenções do pacote, que, além de tudo, também foi considerado insuficiente para acertar as contas de um governo tão gastador.
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Isso deve exigir uma resposta mais robusta do Banco Central na condução da política monetária.
E não foi pot falta de aviso, porque o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC alertou em sua última ata para a necessidade de “uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados” para a “ancoragem das expectativas de inflação”.
Vai subir mais
Resultado: as instituições financeiras já começaram a revisar suas previsões para a Selic. O Barclays projeta agora um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, o que levaria a taxa para 12% ao ano.
Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe da G5 Partners, disse ao Estadão que o sentimento negativo do mercado em relação ao pacote fiscal sugere que um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic é o mínimo esperado.
A consultoria MB Associados projeta a possibilidade de a Selic se aproximar de 14% ao ano nos próximos meses, especialmente se o dólar continuar subindo.
Dólar
Nesta semana, a moeda americana rompeu a barreira dos 6 reais pela primeira vez na história, e fechou em seus níveis mais altos por dois dias seguidos: 5,91 reais na quarta-feira e 5,98 reais na quinta.
Pressionados pelas consequências da própria irresponsabilidade fiscal, os governistas têm preferido apontar o dedo para o “mercado” e até para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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