Os principais frigoríficos do país interromperam o fornecimento de carne ao Carrefour Brasil. A medida é uma resposta ao anúncio da varejista francesa de que não vai oferecer carne produzida em países do Mercosul nos seus pontos de venda da França.

A Masterboi confirmou ter iniciado o boicote na sexta-feira, 22. Já a JBS, da marca Friboi, parou de vender carne bovina ao Carrefour na última quinta-feira, 21, segundo a Folha.

Um grupo de 44 associações brasileiras do agronegócio aguarda uma retratação do Carrefour.

Empresas do setor de carne bovina lideram os atrasos nas entregas às lojas da rede no Brasil, mas fornecedores de frango e suínos também revisam o fornecimento.

A decisão do Carrefour de boicotar a carne brasileira e de outros países ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra um possível acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

Em carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA), Alexandre Bompard, CEO do Carrefour, declarou que a empresa não comercializará mais carnes desses países.

Após o veto do Carrefour na França, o Grupo Les Mousquetaires, da rede de supermercados Intermarché, também anunciou que irá boicotar as carnes bovinas, suínas e aves produzidas em países da América do Sul.

O setor avalia que a disputa vai além da decisão do Carrefour. O receio é que a suspensão, anunciada pelo presidente mundial da empresa, possa afetar a imagem do Brasil no mercado europeu, com consequências negativas para pecuaristas e empresas brasileiras.

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Federação pede boicote 

Hotéis e restaurantes de São Paulo se juntaram a entidades do agronegócio e pediram boicote ao Carrefour após a rede varejista francesa anunciar que a empresa deixaria de comprar carne proveniente dos países do Mercosul, incluindo Brasil.

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), que concentra 500 mil empresas no estado, classificou o anúncio do Carrefour como “inaceitável”.

“Somos mais de 500 mil empresas, apenas no estado de São Paulo, que deixarão de comprar do Carrefour, enquanto insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente. Solicitamos o engajamento e a adesão das empresas de hotelaria e de alimentação neste movimento, até que a varejista volte atrás deste posicionamento errôneo e desrespeitoso”, afirmou o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto.

A federação também afirmou que o Carrefour deveria demonstrar “mais respeito aos produtos que enriquecem seus acionistas” e pediu a retratação da empresa.