A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) renovou na quarta-feira, 20, acordos com o China Media Group (CMG), apresentado como maior grupo de rádio e televisão da China, para “viabilizar a produção e troca de materiais audiovisuais” e, acredite, combater desinformação (dos outros).

É o que diz nota publicada pela Agência Brasil.

“CMG e EBC aproximarão ainda mais nossos povos, além de promover intercâmbios técnicos, tecnológicos e culturais ao apresentar a vocês histórias da China”, disse Shen Haixiong, presidente do CMG e vice-ministro do Departamento de Comunicação do Partido Comunista da China, em evento promovido pelo governo Lula.

“Clássicos Citados por Xi Jinping”

Entre os programas contemplados pelo “intercâmbio cultural” está a 3ª temporada do “Clássicos Citados por Xi Jinping”. Mas Haixiong está mesmo interessado no clássico Escrava Isaura.

“Meu sonho sempre foi o de conhecer a protagonista da novela Escrava Isaura [a atriz Lucélia Santos]. Eu a tinha como ídola. Isso mostra o poder da cultura que uma novela brasileira exerceu em mim”, discursou o chinês no evento de celebração da parceria.

Desinformação

O destaque da nota da Agência Brasil, contudo, é o comentário do presidente da EBC, Jean Lima, que “destacou o papel que a comunicação pública e governamental tem para o combate à desinformação, em especial em países de dimensões continentais e diferenças regionais como Brasil e China”.

“É preciso reverter esse processo [de desinformação], que tanto enfraquece o sistema político, polariza as relações e abala as instituições democráticas”, comentou.

Megalicitação

Em julho, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) cancelou a megalicitação de 197 milhões de reais para gerir as redes sociais do governo federal. Isso ocorreu após reportagem de O Antagonista sugerir que houve direcionamento.

Entre os objetivos alegados pela megalicitação cancelada estava o de “combater fake news”, que O Antagonista sempre fez questão de destacar que se tratam apenas das fake news dos outros, e não do próprio governo Lula.

O que esperar de uma parceria entre esse governo e o da China, que censura informações até sobre atropelamentos?