Máfia das creches: Justiça autoriza PF a investigar Nunes
Inquérito apura envolvimento do prefeito em esquema de desvio de verbas públicas destinadas a creches na cidade de São Paulo entre 2016 e 2020
A juíza Fabiana Alves Rodrigues, da 8ª Vara Criminal Federal de São Paulo, concedeu à Polícia Federal a permissão para prosseguir com o inquérito relacionado máfia das creches, no qual o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), é investigado por suspeitas de ter recebido pagamentos indevidos de uma entidade com contrato municipal.
Segundo O Estado de S.Paulo, o pedido da defesa para arquivar o caso, alegando motivações eleitorais e falta de provas, foi negado pela magistrada.
Com a liberação, a PF poderá executar diligências para esclarecer operações suspeitas mantidas pela Associação Amiga da Criança e do Adolescente (ACRIA), que supostamente envolvem o prefeito da capital paulista.
“Caberá à autoridade policial extrair as cópias dos documentos que entender necessários para instauração dos novos inquéritos”, escreveu a juíza na decisão.
A investigação
Uma transferência financeira de 31.590,16 reais, realizada em 27 de fevereiro de 2018, da empresa noteira Francisca Jaqueline Oliveira Braz Eireli para Nunes está no centro das investigações.
Segundo o delegado responsável pelo caso, não há documentos que comprovem a prestação de serviços ou emissão de notas fiscais relacionadas a esse valor.
Além disso, há um vídeo gravado por Rosângela Crepaldi dos Santos no qual ela acusava empresas associadas a Nunes de receberem dinheiro sem prestação de serviços, embora ela tenha posteriormente se retratado.
A decisão judicial também menciona a possibilidade de quebra do sigilo bancário e fiscal dos envolvidos como justificativa para desmembrar a investigação e iniciar um novo inquérito policial.
MPF endossa solicitação da PF
O Ministério Público Federal (MPF) endossou a solicitação da PF por uma investigação sigilosa para elucidar as suspeitas levantadas até agora.
“Torna-se necessária a instauração de novo inquérito policial para esclarecer os fatos suspeitos apurados ao longo das investigações, razão pela qual eventual pedido de arquivamento somente poderia ser analisado quando finalizada a nova investigação.”
Entre os indícios coletados na primeira fase do inquérito, está o registro de Elaine Targino da Silva como empregada da empresa Nikkey Serviços, que tem Regina Nunes e Mayara Nunes, esposa e filha do prefeito, como sócias. A transferência sob investigação foi realizada através de dois cheques e uma transação eletrônica para a conta da Nikkey Serviços. Além disso, enquanto vereador, Nunes teria empregado em seu gabinete uma parente ligada à diretoria da ACRIA, que movimentou 162 milhões de reais e recebeu 49,8 milhões de reais da prefeitura.
Em depoimento, Ricardo Nunes declarou que nunca integrou formalmente o quadro societário da Nikkey Serviços, mas afirmou ter coordenado atividades da empresa em nome de sua esposa e filha. Ele alega que os valores recebidos se referem a serviços prestados e promete apresentar documentação comprobatória.
O que diz Ricardo Nunes?
Em nota, o prefeito de São Paulo afirmou que nada se comprovou contra ele na investigação de cerca de cinco anos, concluída em agosto.
Para ele, é de se estranhar tal decisão num processo em que já prestou todos os esclarecimentos às autoridades.
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