Oklahoma levanta o debate entre laicidade e militância antirreligiosa nas escolas públicas
Expulsar símbolos cristãos de países de maioria cristã é um erro de leitura sobre o princípio de laicidade.
A recente decisão dos estado americano de Oklahoma de incorporar a Bíblia como material pedagógico obrigatório nas escolas públicas não só acirrou o debate local, mas também chamou a atenção de educadores, juristas e líderes religiosos ao redor do mundo.
A medida, defendida pelo secretário de Educação Ryan Walters, determina o uso da Bíblia no currículo de História e a exibição dos Dez Mandamentos em salas de aula, enquanto enfrenta uma ação judicial que alega violação da separação entre Igreja e Estado.
Segundo Walters, a iniciativa visa resgatar os valores históricos da nação e reforçar a educação patriótica. Ele argumenta que a Bíblia é “um documento histórico essencial” e acusa críticos de censurar a influência da religião na formação dos Estados Unidos. “Não estamos impondo religião; estamos ensinando história”, declarou. No entanto, opositores locais e internacionais veem a medida como um retrocesso em termos de liberdade religiosa e pluralismo.
Nos Estados Unidos, líderes religiosos de diferentes denominações também se manifestaram. Enquanto alguns apoiam a medida como um retorno às raízes cristãs, outros alertam para a exclusão de minorias religiosas e não religiosas. Pamela Brown, em entrevista com Walters, questionou se outros textos, como o Alcorão, seriam incluídos. Walters foi taxativo: “A Bíblia teve um papel único na história americana; outros textos não têm o mesmo peso.”
A medida enfrenta resistência em várias frentes. Uma petição com mais de 14 mil assinaturas exige sua revogação, e diversas escolas no estado já anunciaram que não vão implementá-la. “Precisamos de uma educação que respeite a diversidade de crenças”, argumenta um dos pais que lideram a ação judicial.
“Estamos garantindo que nossos filhos conheçam a verdade histórica sobre a construção deste país”, disse Walters.
A importância do cristianismo na formação do Ocidente
Desde conceitos filosóficos como a dignidade humana até instituições como universidades e hospitais, o cristianismo foi crucial na definição de valores éticos e sociais do Ocidente.
Filósofos como Edmund Burke destacaram o cristianismo como uma força que fortalece a ordem social, enquanto historiadores apontam que mesmo movimentos laicos, como o dos jacobinos na Revolução Francesa, beberam da ética cristã ao criar novos ideais de fraternidade e caridade.
Em um mundo onde a pluralidade cultural cresce, expulsar símbolos cristãos de espaços públicos em países de maioria cristã é preconceito, não “neutralidade”. Esse dilema se reflete no caso de Oklahoma, um exemplo vivo do debate sobre até que ponto a laicidade pode conviver com o reconhecimento das raízes religiosas de uma sociedade.
Para estudiosos, é essencial não confundir a laicidade com ateísmo militante ou exclusão cultural, mas sim promover um equilíbrio que respeite a diversidade sem apagar tradições históricas.
Brasil: Ativismo antirreligioso é elitista e discriminatório
O cristianismo, especialmente o catolicismo, tem raízes profundas na formação histórica, cultural e social do Brasil. Desde o período colonial, essa religião exerceu grande influência na construção da identidade nacional. A presença do cristianismo na história do Brasil ajudou a moldar muitos dos valores e princípios que ainda hoje permeiam a sociedade brasileira.
Muitas manifestações culturais brasileiras, como festas populares, arquitetura, arte e tradições, estão intimamente ligadas ao cristianismo, refletindo a religiosidade enraizada no povo. Festas como o Carnaval, a Semana Santa e o Natal são exemplos de eventos que, embora muitas vezes celebrados de forma secular, têm origem cristã e são parte integral do calendário cultural brasileiro.
A Constituição brasileira garante o direito à liberdade de crença e de culto religioso. Negar completamente a expressão do cristianismo nas instituições públicas é uma restrição excessiva a esse direito fundamental. A liberdade religiosa inclui não apenas a prática privada da fé, mas também sua manifestação pública, desde que respeitadas as demais crenças e a ordem pública.
O Brasil é um país plural, com diversas religiões convivendo. Em um ambiente onde diferentes religiões são respeitadas e podem coexistir, fortalece-se a harmonia social e o respeito mútuo.
Embora o Brasil seja um Estado laico e não tenha uma religião oficial, o cristianismo (católicos e protestantes) representa a crença da maioria da população brasileira. Segundo o censo do IBGE, cerca de 90% dos brasileiros se identificam como cristãos. Negar completamente sua expressão nas instituições públicas poderia ser visto como uma desconsideração à vontade e aos anseios dessa parcela significativa da sociedade.
Muitos cidadãos, especialmente cristãos, podem demandar a presença de símbolos e referências religiosas em espaços públicos, como forma de expressão de sua fé e identidade cultural. Atender a essas demandas é uma forma de reconhecer e valorizar a identidade cultural da população, desde que não haja imposição sobre aqueles que professam outras religiões ou são ateus.
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