Prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT, à direita na foto), que não conseguiu eleger uma sucessora nas eleições municipais deste ano, foi ao X nesta sexta-feira, 15, hastear uma bandeira branca para a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (RS).

Cotado para assumir a presidência do partido no lugar da colega como preferido de Lula (à esquerda na foto), Edinho disse que “setores da imprensa tentam gerar conflitos entre a Presidente do meu partido, deputada Gleisi e eu”.

Segundo ele, os conflitos são “inexistentes”. “Tenho dito publicamente que é legítimo o PT disputar posições dentro de um governo de coalização, o limite está no fato de o Presidente da República e o Ministro da Fazenda serem do PT”, comentou.

“Pior momento da nossa história“

E seguiu: “Gleisi preside o PT e seu mandato no pior momento da nossa história. Fez a diferença. E ela é a única com legitimidade para conduzir o processo sucessório do nosso partido. Por ela sempre nutri, e nutro, reconhecimento e respeito”.

De onde saiu tudo isso? De uma entrevista que Edinho deu à revista Veja e foi publicada nesta sexta-feira. Ao ser questionado se Gleisi errou ao permitir que o PT assinasse um manifesto crítico ao ajuste fiscal, o prefeito respondeu:

“Não acompanhei esse diálogo de perto, daí ser difícil opinar. Mas o desejável é que a discussão tivesse sido esgotada internamente.”

“Não pode enfraquecer o ministro da Fazenda“

Questionado se a colega “radicaliza demais” contra a agenda econômica do governo, comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Edinho foi mais direto:

“Não acho que a Gleisi tenha de abrir mão de suas convicções, mas não pode enfraquecer o ministro da Fazenda. Isso é tirar força do próprio governo.”

Desde que engrossou as críticas à agenda econômica do governo, Gleisi, que levou boa parte da culpa pelo péssimo desempenho do PT nas eleições municipais, vem tentando se explicar.

Edinho acertou na análise

“Vamos deixar claro de uma vez por todas: o manifesto dos movimentos sociais que o PT assinou é contra as pressões indevidas do mercado e sua mídia sobre o governo do presidente Lula, com objetivo de cortar políticas e programas sociais. Não é e nunca foi contra a equipe econômica ou seus ministros”, disse a petista na última de suas tentativas de se explicar.

O problema, para Gleisi, é que o contexto joga contra ela, e a análise que Edinho fez sobre o enfraquecimento de Haddad está correta, apesar do que ele venha a dizer (e de quem ele venha a culpar) para não desagradar a presidente do PT.